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Você é sapiossexual?

Agora existem até apps específicos para quem diz que se sente atraído pela inteligência alheia. Verdade ou modinha, o que a ciência tem a dizer sobre isso?

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 3 out 2019, 19h32 - Publicado em 5 jan 2018, 19h01

Você está zapeando no Tinder quando, de repente, descobre que um possível match se diz “sapiossexual”. Você se sente obsoleto – isso é uma gíria? É uma nova forma de orientação sexual ou identidade de gênero da qual você ainda não se atualizou?

É mais simples que isso, no papel. Sapiossexual é o nome moderno para quem garante que é atraído sexualmente pela inteligência alheia.

Tá bom, tá bom: todo mundo valoriza inteligência em alguém que quer namorar. Nem faria sentido, evolutivamente, se atrair pela pessoa menos intelectualmente capaz do bando de hominídeos ao seu redor – o tamanho do seu cérebro é a prova de que a seleção natural e sexual favoreceu os espertos.

Mas, em teoria, para ser sapiossexual você teria que ir além: a inteligência deveria ser o maior gatilho para você, em termos de excitação sexual – acima dos atributos físicos. É ter tesão, muito literalmente, na inteligência alheia. Com o termo em alta, surgiu até o Sapio, um app de encontros feito exclusivamente para esse público.

Sempre que há um fenômeno estranho há um cientista pronto a estudá-lo. E veja você, em pleno 2018, já temos um artigo científico publicado avaliando o que a ciência tem a dizer sobre os sapiossexuais: quem são? Como funcionam? Como são? Eles existem mesmo?

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O estudo, feito na Austrália, criou o Questionário de Sapiossexualidade (SapioQ) para medir com segurança, em uma nota de 1 a 5, o quanto uma pessoa é atraída sexualmente só pelo intelecto. No teste, o participante tinha que concordar ou discordar com frases como “Escutar alguém falar de forma extremamente inteligente me excita sexualmente”.

A maioria das pessoas não tirou notas muito altas no questionário, nem nos outros testes sobre atração sexual e inteligência feitos no estudo. Para elas, outros fatores tinham influência superior à atração sexual.

Isso você já esperava né? Mas 8% dos participantes tirou uma nota maior que 4 – sinal de que sim, algumas pessoas são sexualmente atraídas por inteligência.

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Mas peraí. Os pesquisadores colocaram mais uma hipótese: se essa relação excitação-inteligência realmente se aplica, então quanto mais inteligente for alguém, mais atraente ela vai aparecer para um sapiossexual, certo?

Errado. Eles testaram como a atração sexual variava de acordo com o QI de um parceiro hipotético. No começo, tudo certo: as pessoas realmente demonstravam muito mais atração por alguém com um QI que fica na média do que por alguém que tinha um QI entre os 25% mais baixos da população.

E a atração sexual ia crescendo conforme o QI subia, até chegar ao QI 120 (mais alto que 90% do resto da população). Aí caía abruptamente! As pessoas se sentiam progressivamente menos atraídas conforme o QI subia acima de 120. Os 10% das pessoas com os QIs mais altos da população eram considerados muito menos atraentes do que seus colegas menos bem-dotados mentalmente.

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Entre os 8% que eram sapiossexuais, segundo o SapioQ, a queda era menos pronunciada, mas ainda existia. Um dos possíveis culpados é o estereótipo do gênio destrambelhado e sem habilidades sociais, como o Sheldon, que ilustra este texto.

Ainda que o estudo não afirme categoricamente que o sapiossexual não existe, ele conclui que é extremamente provável que outros fatores não-intelectuais influenciam a atração, em qualquer cenário.

Ah, e vale lembrar: o quanto você é atraído por inteligência não depende da sua própria: pessoas avaliadas como menos e mais inteligentes que a média tinham a mesma chance de curtir pessoas intelectuais (dentro do limite de 120 de QI).

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A única diferença é que pessoas mais inteligentes tinham mais aversão sexual a pessoas de baixo QI. Ou seja: ficavam mais “brochadas” por uma suposta burrice alheia. Veja só que beleza.

Ser sapiossexual, portanto, não te torna mais inteligente que a média. No máximo, um pouquinho mais prepotente. E a inteligência só é sexy até um certo limite – independente do que você coloca no seu Tinder.

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