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Black Mirror: 11 tecnologias da série que já existem na vida real

O futuro é brilhante - e está aqui (cuidado: contém spoilers da primeira à terceira temporada)

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Helô D'Angelo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 mar 2024, 11h57 - Publicado em 24 out 2016, 17h20

A quarta temporada de Black Mirror mal foi lançada e a gente já assistiu tudo  e ficou mal pacas, como sempre acontece depois dos tapas na cara que só essa série sabe dar. Depois de cada episódio, o único consolo é pensar que, pelo menos, nem todas aquelas tecnologias assustadoras existem, certo? Errado.

Se esse é seu conforto, esqueça: grande parte das engenhocas dos episódios mais sombrios de Black Mirror já existe (ou, pelo menos, já está quase saindo no mercado). Conheça 11 delas  lembrando, de novo, que listamos apenas as tecnologias presentes nos três primeiros anos. Se você ainda não viu a nova leva de episódios, pode ler sem medo.

1. Abelhas robôs (3ª temporada)

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Estamos quase criando abelhinhas como essa. Vamos torcer para elas não se tornarem assassinas. (Reprodução)

Não, Black Mirror não inventou o problema: as abelhas realmente estão sumindo, e exatamente pelo motivo que a série explica  a desordem de colapso de colônia (elas simplesmente abandonam as colônias e morrem, ninguém sabe o porquê).

Hoje, as abelhas ainda existem, mas estão em grave risco de extinção. Para contornar isso, um grupo de cientistas de Harvard já está trabalhando em uma abelha robô de 3 cm, que, assim como na série, ajudaria na polinização e evitaria um colapso mundial do ecossistema.

Por enquanto, o robozinho  batizado de RoboBee – ainda tem problemas para voar, gasta muita energia (e não cai por aí matando pessoas), mas os cientistas dizem que estão mais perto do que nunca de criar um modelo eficiente de simulação do voo das abelhas.

2. Casa inteligente (Especial de Natal)

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Vamos esperar que as casas inteligentes não tenham nada a ver com clones digitais escravizados. (Reprodução)
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Imagine a cena: você está triste depois de um dia super difícil de trabalho. Você chega em casa, abre a porta e, na cozinha, um café fresquinho está passando – o cheiro te leva direto para as lembranças confortáveis da sua infância. Lar doce lar.

Sim, isso já é uma realidade: em 2016, cientistas do MIT criaram uma inteligência artificial capaz de ler emoções e de interagir com elas, transformando o ambiente em que você está. Bem parecido com o especial de Natal da série (vamos esperar que, nessa inteligência artificial, não exista seu clone digital escravizado, como rola na série).

3. Upload de consciência (3ª temporada)

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Fazer uma cópia digital do seu cérebro tornaria você virtualmente imortal (literalmente) (Reprodução)

Já existem pessoas trabalhando em uma maneira de transferir a consciência humana para um computador (ou para outro corpo, menos frágil do que esse aí que você está usando agora). Um desses caras é o bilionário russo Dmitry Itskov, que, pelo menos desde 2013, tem investido um pedaço grande de sua fortuna em pesquisas sobre o upload de mentes.

Se o cara é maluco ou não, a gente não sabe, mas tem gente importante que apoia essa teoria  como Ray Kurzweil, cientista e engenheiro do Google que acha que a gente será capaz de fazer isso já em 2045. Vai saber.

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4. Chatbot (2ª temporada)

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O papo com os mortos digitais já é uma realidade. (Reprodução)

Em Black Mirror, uma mulher que acabou de perder o marido em um acidente de carro tenta lidar com a saudade usando a tecnologia. No início, ela usa um chatbot  uma inteligência artificial que consegue conversar com você a partir de um banco de dados, e que vai aprendendo conforme a conversa vai avançando.

Isso já existe, inclusive para conversar com os mortos: no ano passado, uma engenheira russa chamada Eugenia Kuyda criou um aplicativo chamado Luka, idêntico ao serviço da série. Para isso, a estratégia foi a mesma: Eugenia usou as mensagens e posts das redes sociais de um amigo morto, Roman Mazurenko, para criar um banco de dados a partir do qual a inteligência artificial se alimenta para bater papo com qualquer pessoa. Agora, você pode “conversar” com Roman baixando o aplicativo.

5. Robôs parecidos com seres humanos (2ª temporada)

androides
Androides que são humanos perfeitos estão a caminho. (Reprodução)

Na série, a mesma mulher que perde o marido, no item aí em cima, dá um passo além do chatbot: ela compra um robô realista, idêntico ao marido morto. Na vida real, já existem projetos de androides que sejam indiferenciáveis dos seres humanos  e, embora isso ainda não seja possível, a gente já avançou muito nesse sentido: meses atrás, um cara criou uma Scarlet Johansson robô que sabe conversar, tem várias expressões faciais e até pisca, flertando com o interlocutor.

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Se você acha isso loucura, fique sabendo que, para uma boa parte das pessoas, a possibilidade de conviver com robôs ultra parecidos com humanos não assusta: pelo menos 25% dos jovens namorariam um androide, se fosse impossível notar a diferença.

6. Lentes de contato de realidade aumentada (todas as temporadas de Black Mirror)

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Realidade aumentada, tipo, toda hora (Reprodução)

Imagine se os seus olhos pudessem filmar, fotografar, passar filmes só para você, mostrar informações sobre as pessoas ao seu redor, analisar o ambiente e, de quebra, transformar a realidade em jogo. Em Black Mirror, as pessoas têm implantes cerebrais que mudam a realidade exatamente desse jeito  e na vida real não estamos tão distantes disso.

A Samsung registrou, em 2016, uma patente para a produção de lentes com microcâmeras integradas e conexão wi-fi, que seriam controladas a partir do seu smartphone e que possibilitariam uma experiência de realidade aumentada online, idêntica à da série. Já o Google foi mais fundo (literalmente) e prometeu um chip injetável para os olhos humanos, com as mesmas funções das lentes da Samsung (só que, né, quem é que gostaria de ser cobaia para isso aí?).

7. Hackers filmando todo mundo (3ª temporada)

hackers
Já cobriu sua webcam hoje? (Reprodução)
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Uns amigos seus comentam que te viram em um site de pornografia. No vídeo, o ângulo parece assustadoramente com o da sua televisão… A história aconteceu com um casal, não em Black Mirror, mas na Inglaterra da vida real.

E não teve uma grande conspiração: um hacker, provavelmente entediado, quis testar os frágeis limites da segurança das Smart TVs, com câmera e microfone para responder aos comandos visuais e auditivos dos donos. Acabou dando de cara com a festinha privada no sofá.

Não é à toa que os chefões da tecnologia cobrem suas câmeras com fita adesiva. Com a Internet das Coisas crescendo tão rápido, um wi-fi pouco protegido significa uma casa inteira vulnerável a ataques de hackers. Para se proteger de uma ameaça a la Black Mirror, um bom começo é atualizar o sistema de proteção da sua internet sem fio para o protocolo de WPA2, bem mais difícil de invadir.

8. Uma mente sem lembranças (todas as temporadas de Black Mirror)

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Tomara que o apagamento de memórias seja usado para o bem. (Reprodução)

São muitos os episódios da série que brincam com a memória dos personagens e, por consequência, com a do público também. A manipulação das lembranças já é real  pelo menos para ratos. Manipulando um neurotransmissor, a acetilcolina, cientistas conseguiram fazer com que as memórias assustadoras dos bichinhos fossem apagadas. Os pesquisadores também acham que são capazes de esticar memórias selecionadas para durarem o máximo possível. Com isso, dá para fazer você esquecer onde está, quem são as pessoas te perseguindo e que você se inscreveu em um programa bem psicopata de genocídio, por exemplo.

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9. Supersoldados (3ª temporada)

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Soldados que são verdadeiras máquinas já existem, tá? (Reprodução)

Falando em genocídio e Black Mirror, a engenharia emocional aplicada para uso militar não é exclusividade da série. A ciência já acredita que é possível apagar os rastros que o medo deixa na nossa mente  e com ele vão embora as fobias, o estresse pós-traumático e as consequências emocionais de participar de situações terríveis como as guerras.

Mais que isso, o laboratório do Pentágono  de onde vieram a internet e o GPS  já trabalha há anos com aparelhos de estimulação magnética que conseguem instigar ou suprimir emoções em pleno campo de batalha.

10. Ranking de pessoas (3ª temporada)

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Uma sociedade que funciona a partir de notas? A nossa. (Reprodução)

No mundo que Black Mirror apresenta na estreia da terceira temporada, as pessoas são avaliadas a cada serviço prestado e consumido, a cada interação, a cada foto postada. O dia a dia é uma avaliação gamificada constante. Parece terrível pensar que tudo que fazemos pode ser resumido em um número, certo?

Bom, hoje em dia muita coisa já funciona assim. Notas altas abrem portas e oferecem serviços bem melhores que as notas baixas: é o chamado score de crédito, cálculo feito por bancos e empresas de cartão de crédito para avaliar se alguém deve ou não um empréstimo ou financiamento, qual o valor máximo para aquela pessoa e qual será a taxa de juros. O objetivo é evitar emprestar para quem tem risco de não pagar.

Assim como em Black Mirror, as redes sociais já têm um grande papel nesse ranking. Várias empresas de análise de crédito levam em conta todas as informações sobre o cliente que elas puderem encontrar na internet. Isso inclui não só os dados básicos no Facebook, mas o que a pessoa posta e aquilo que ela curte. Segundo a Forbes, um funcionário chegou a dizer que “olhar o número de vezes que uma pessoa diz ‘bêbado’ no seu perfil pode ajudar a prever se ela vai pagar ou não as suas dívidas”.

A China quer elevar o nível desse ranqueamento e criar um sistema de crédito social. O ranking mede quanto um cidadão é “confiável”. Com base no desempenho político, social e comercial de uma pessoa, ela ganharia uma pontuação, refletindo toda a informação individual disponível sobre ela no mundo real e na internet. O plano ainda não está completamente delineado, mas tentativas anteriores já beneficiaram cidadãos por bom comportamento e puniram as infrações, como ultrapassar o sinal vermelho. O resultado eram chineses classe A  com acesso pleno à infraestrutura estatal e incentivos do governo a novos negócios, por exemplo  e os cidadãos classe D, que tinham dificuldade até para conseguir emprego. Tudo por uma “sociedade socialista perfeitamente harmônica”.

11. As redes do ódio (1ª e 3ª temporadas)

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A galera pega pesado nas redes. (Reprodução)

As redes sociais nos trouxeram o contato constante com tudo que há de bom e de ruim no mundo. No Twitter, a batalha contra o discurso de ódio é difícil, porque os grupos estão se organizando. Entre os extremistas que apoiam Trump, por exemplo, surgiu um código de xingamentos que passa pelos filtros anti-agressão do site. Negros viraram “googles”, judeus se tornaram “skypes”, latinos são “yahoos” e asiáticos são “bings”. Os muçulmanos ganharam o apelido de “skittles” e os gays, de “borboletas”.

Mas, com ou sem código, tem gente disposta a combater o discurso de ódio na internet. O Instituto de Tecnologia e Humanidades de Maryland decidiu criar uma base de dados com todos os grupos de ódio da internet, em outubro do ano passado. A ideia é que essas informações sirvam para criar plug-ins que bloqueiem informações vindas dessas contas para pessoas que se sintam vulneráveis a ataques na internet. Mas mesmo esse tipo de ação preocupa, considerando como a terceira temporada de Black Mirror terminou…

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