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Estreia de filme com roteiro de IA é cancelada em Londres após polêmica

O longa The Last Screenwriter conta a história metalinguística de um roteirista que vê seu trabalho sendo substituído por uma inteligência artificial.

Por Caio César Pereira
22 jun 2024, 12h00

Jack é um roteirista famoso, mas vê seu mundo e trabalho abalados quando um sistema de roteirização de IA entra em cena. Essa é a sinopse básica do filme The Last Screenwriter (algo como O Último Roteirista), que teve sua estreia neste fim de semana cancelada por um motivo irônico: o roteiro da obra foi de fato escrito por uma IA.

O longa tinha sua estreia programada para o próximo domingo, dia 23, no cinema Prince Charles, um reduto famoso pela exibição de arte e filmes cult. Mas, após o anúncio do evento nas redes e uma forte reação negativa do público, o cinema localizado no bairro de West End desistiu da ideia.

“O feedback que recebemos nas últimas 24 horas, após anunciarmos o filme, destacou a forte preocupação de muitos de nossos espectadores sobre o uso de IA no lugar de um roteirista, o que reflete um problema mais amplo na indústria”, disse o cinema em declaração no X (ex-Twitter).

A produção suíça é dirigida por Peter Luisi, e produzida também por ele e seu irmão David Luisi. O roteiro foi feito pelo  ChatGPT 4.0. A história metalinguística traz um sistema de IA que não só escreve roteiros melhor que o próprio roteirista, como também é capaz de desenvolver empatia e outras emoções humanas. Jack, o personagem roteirista do filme, é convidado então a escrever um roteiro utilizando a IA (mais meta que isso impossível).

Em entrevista ao The Daily Beast, Luisi explica de onde veio a ideia para o filme: “Já foram feitos tantos filmes sobre ‘homem versus máquina’. Em todos esses filmes, um humano imaginou como seria esse cenário, e este é o primeiro filme onde não o humano, mas sim a IA, imaginou como isso seria.”

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Luisi contou que então colocou o seguinte comando no prompt: “Escreva o enredo de um longa-metragem onde um roteirista percebe que é menos bom que a inteligência artificial em escrever”. Além disso, ele pediu ao ChatGPT para criar os nomes dos personagens, os esboços das cenas e etc.

De acordo com o diretor, grande parte da reação negativa ao filme se deve ao fato das pessoas não saberem exatamente sobre o que o projeto se trata, e rechaçam qualquer coisa ao ouvir “‘primeiro filme escrito inteiramente por IA”. Apesar das críticas, entretanto, Luisi reforça que foi mal compreendido, e que o objetivo do filme na verdade é fazer uma espécie de crítica a essa situação.

“Se os roteiristas tirarem um tempo para assistir ao filme e ler sobre o processo e por que fizemos este filme, não consigo imaginar que eles condenariam o filme ou a mim, porque sou um deles”, disse Luisi.

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“Provavelmente eu poderia ganhar muito dinheiro com este filme, mas estou escolhendo não fazer isso porque não quero que as pessoas digam: ‘Você está lucrando com nosso sofrimento e usando isso como uma ferramenta de marketing para ganhar dinheiro’. Quero fazer isso como uma contribuição para a causa”, complementa.

Um dos grandes acontecimentos da indústria cinematográfica no ano passado foi a greve dos atores de Hollywood. Para além das questões relacionadas aos pagamentos residuais, um dos principais fatores da greve foi a regulamentação do uso de IA. 

E esse não é o único filme com uso de IA deste ano. Em setembro estreia Putin, uma cinebiografia do líder russo que utilizou IA para criar e renderizar um modelo digital de Vladimir Putin no filme. 

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