Percy Jackson: quem é Perseu na mitologia grega?
O protagonista da nova série do Disney+ divide o nome com o semideus que derrotou a Medusa. Conheça a história desse herói.
Na próxima quarta (20), chega ao Disney+ os dois primeiros episódios de Percy Jackson e os Olimpianos. A série é uma adaptação da saga de livros do americano Rick Riordan, publicada entre 2005 e 2009, que traz o universo da mitologia grega para os dias de hoje.
A história acompanha Percy Jackson, um adolescente que vive em Nova York e descobre que é um semideus (filho de um deus do Olimpo com um humano). Não só: todas as criaturas mitológicas, de centauros a sereias, também existem.
Você deve se lembrar das duas versões de Percy Jackson para o cinema, lançadas em 2010 e 2013 e estreladas por Logan Lerman. A má recepção de público e crítica, porém, afundou o projeto de adaptar os cinco livros da saga.
A Disney investiu pesado: contratou um elenco mais jovem (uma das críticas aos filmes era a idade do trio principal) e pretende adaptar a saga ao longo de várias temporadas. Para essa primeira, gastou entre US$ 12 milhões e US$ 15 milhões por episódio – o mesmo que os últimos capítulos de Game of Thrones, da HBO.
Poseidon, Zeus, Minotauro, Medusa… A história de Percy está recheada de inspirações óbvias dos mitos gregos. Mas algumas talvez sejam mais difíceis de pescar. O nome do protagonista, por exemplo, vem de um grande herói, Perseu. Vamos à sua história.
O mito de Perseu
Acrísio, rei de Argos, não conseguia ter filhos homens. Preocupado com a continuação de sua linhagem, foi consultar o Oráculo de Delfos para saber se teria um herdeiro. Só que a curiosidade matou o gato: a profecia do Oráculo revelou que, um dia, Acrísio seria morto pelo próprio neto.
Desesperado com a previsão, o rei trancou sua única filha, Dânae, em uma torre de metal, para que ela jamais tivesse contato com um homem – e, assim, não pudesse gerar filhos.
De fato, nenhum mortal jamais conseguiu alcançá-la. Contudo, Zeus, o rei dos deuses, avistou Dânae do céu e se encantou com sua beleza. Determinado a possuir a donzela, ele se transformou em uma nuvem dourada para atravessar as grades da torre. Quando gotas de ouro escorreram pelas coxas de Dânae, ela engravidou. Nove meses depois, Perseu nasceu.
O pequeno semideus foi criado em segredo por sua mãe durante quatro anos – até que Acrísio descobriu sua existência. Ainda com medo da profecia se realizar, o rei colocou Dânae e Perseu em um caixão e os jogou no mar.
O baú acabou encalhado na ilha de Sérifos, onde mãe e filho foram encontrados pelo pescador Díctis. Ele deu comida e abrigo, ajudou Dânae e criou Perseu até que ele virasse adulto. O rapaz cresceu com força, coragem e espírito de aventura. E era um ávido protetor da mãe.
Mas a vida deles não foi 100% pacífica. A beleza de Dânae, que encantou até Zeus, logo chamou a atenção de Polidecto, rei de Sérifos e irmão de Díctis. Determinado a se casar com ela, Polidecto a enchia de cortejos.
Perseu sempre estava por perto para livrar sua mãe das investidas do rei, que não gostava do jovem. Foi então que Polidecto bolou um plano para tirar o jovem da jogada para que pudesse forçar Dânae a se casar com ele.
As versões do mito variam a partir daqui. Uma delas afirma que Polidecto organizou um torneio. Perseu, tomado pela promessa de aventura, resolveu participar. Já outra conta que o rei deu uma festa em que os convidados deveriam trazer cavalos de presente. A Perseu, que não tinha dinheiro, teria restado encontrar algo muito maior (e desafiador) para compensar.
Mas as histórias convergem no presente escolhido pelo semideus: a cabeça da Medusa.
Perseu contra a Medusa
A Medusa era um monstro conhecido no imaginário grego. Você sabe: serpentes no lugar dos cabelos, aparência terrível e olhos que transformavam qualquer um que olhasse para ela em pedra. As lendas contam que muitos metidos a herói tentaram vencê-la – e falharam miseravelmente. Das três irmãs Górgonas, ela era a mais temida – e a única mortal.
Mas Perseu não iria para a batalha desamparado. Ele pediu ajuda aos deuses, que o atenderam. De Atena, ele conseguiu um escudo redondo, tão bem polido que refletia sua imagem como um espelho. De Hermes, ganhou uma espada curvada, parecida com uma foice, para arrancar fora a cabeça da górgona.
Os deuses também disseram para o aventureiro se encontrar com as greias, três irmãs que tinham cabelos grisalhos desde o nascimento, e compartilhavam um único olho e um único dente entre si. Segundo as divindades, elas ajudariam Perseu a encontrar Medusa.
Só tinha um pequeno detalhe: as greias eram irmãs das górgonas, e não iam dedurar as maninhas para alguém como Perseu. O rapaz, então, roubou o único olho delas e as chantageou em troca de ajuda.
Os mitos novamente divergem em detalhes: alguns dizem que as próprias greias deram para Perseu a localização das górgonas, além de três itens mágicos. Em outras versões, elas encaminharam o rapaz até as ninfas (divindades da natureza), que lhe concederam os tais itens e o paradeiro da Medusa.
Seja como for, além das armas dos deuses, Perseu agora tinha um par de sandálias aladas, que o permitiam voar; o capacete de Hades, que o deixava invisível; e uma sacola de pano para guardar a cabeça da Medusa.
Na hora do conflito, Perseu se deparou com o problema que matou todos os seus antecessores: como matar a Medusa sem olhar nos olhos dela? Aí o herói botou o cérebro para funcionar, e usou o reflexo do escudo para se guiar. Ele encontrou Medusa dormindo e a decapitou com sua espada. Sem estresse.
O bom filho à ilha retorna
Com a cabeça na sacola, Perseu voltou a Sérifos. Ao chegar, porém, ele descobriu que a situação piorou com sua partida.
Sua mãe continuou a rejeitar as propostas do rei. Mas, sem o filho para protegê-la, Polidecto passou a perseguir Dânae com mais intensidade – inclusive com planos de raptá-la. Enfurecido, Perseu invadiu o palácio e, ao ser confrontado pelos soldados, puxou a cabeça da Medusa.
Imediatamente, todos os apoiadores do rei viraram pedra. Polidecto também se transformou em uma estátua – que permaneceu no palácio como um lembrete da forma covarde com que ele agiu na vida e na morte.
Perseu se casou com Andrômeda, uma princesa que conheceu no caminho de volta para casa. Ela estava em maus lençóis: presa a um rochedo, a jovem seria oferecida como sacrifício para acalmar uma besta do mar. O herói, então, matou o bicho usando a cabeça da Medusa.
A família de Andrômeda ofereceu a mão da princesa como agradecimento ao herói por salvar o povo do monstro. Juntos, os dois fundaram a cidade de Micenas e tiveram vários filhos – um de seus descendentes, daria a luz a outro grande herói grego, Héracles, também conhecido como Hércules.
E a profecia?
Pois é. O Oráculo nunca falha – e, nesse caso, não foi diferente. Um dia, Perseu estava participando de uma competição de arremesso de discos. Sem se dar conta de sua força (e com uma péssima pontaria), atirou o projétil com tudo na arquibancada. O disco acertou em cheio a cabeça de um homem, que morreu instantaneamente. Esse homem era ninguém mais, ninguém menos do que Acrísio, rei de Argos. No fim das contas, ele morreu pelas mãos do próprio neto – ainda que tenha sido um acidente.