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Pintura perdida de Ticiano é encontrada em ponto de ônibus e vai a leilão

O quadro, saqueado pelas tropas de Bonaparte e depois roubado e encontrado no transporte público londrino, pode ser vendido por cerca de R$ 170 milhões.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 18 jun 2024, 12h56 - Publicado em 18 jun 2024, 12h00

“O mais célebre de todos os pintores venezianos”, para o historiador da arte Ernst Gombrich, foi Ticiano. O renascentista do século 16 era tão bom que, segundo seus primeiros biógrafos, o imperador Carlos V, do Sacro Império Romano Germânico, se ajoelhou para pegar um pincel que o artista deixou cair, o que na cultura da época era se humilhar pelo gênio.

Uma de suas grandes obras-primas foi roubada duas vezes, e numa delas foi encontrada dentro de um saco plástico encostada num ponto de ônibus de Londres, no Reino Unido. Agora, a pintura foi recuperada e será leiloada em julho.

Descanso na Fuga para o Egito foi pintada em 1508, no início da carreira de Ticiano. A cena foi tema para diversos outros quadros religiosos na época, e mostra Maria, José e o bebê Jesus descansando enquanto fogem para o Egito da perseguição do rei Herodes. Segundo a história bíblica, ele mandou matar todas as crianças menores de dois anos nascidas perto de onde Jesus nasceu, querendo atingir esse que seria o novo rei dos judeus.

A pintura a óleo tem 46,2 centímetros de altura por 62,9 centímetros de comprimento, e a estimativa da Christie’s, casa de leilão tradicional do Reino Unido, é que o quadro seja vendido por até US$ 32 milhões (cerca de R$ 173 milhões).

Descanso na Fuga para o Museu

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Os primeiros donos da pintura de Ticiano foram aristocratas europeus, e o quadro foi passando de mão em mão nas elites da região até ser saqueado pelas tropas de Napoleão durante sua ocupação de Viena, na Áustria, em 1809. Após esse episódio, a obra foi parar em Paris.

A pintura voltou para Viena em 1815, e passou por algumas coleções privadas até chegar a John Alexander Thynne, o 4º marquês de Bath, cidade da Inglaterra. Ela ficou com seus descendentes até 1995, quando foi roubada e ficou desaparecida por sete anos.

Em 2002, o detetive de arte Charles Hill, especializado em crimes envolvendo grandes obras artísticas, encontrou o quadro de Ticiano encostado num ponto de ônibus, em Londres. Acostumada com as carruagens de nobres de toda a Europa, a pintura teve que se contentar com o transporte público londrino.

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A jornada cheia de altos e baixos da pintura parece emular a jornada complexa retratada no quadro. Agora, ela passa para novas mãos e talvez um descanso no meio de sua fuga. O leilão acontecerá no dia 2 de julho em Londres.

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