Arqueólogos encontram cidade de 3,4 mil anos no rio Tigre
Edifícios emergiram de reservatório no Iraque, depois que o nível de água diminuiu. Também foram encontradas mais de cem tabuletas cuneiformes no local.
Uma cidade de 3,4 mil anos emergiu do reservatório de Mosul (Iraque), às margens do rio Tigre, depois que o nível de água diminuiu. Arqueólogos curdos e alemães realizaram escavações antes que o local ficasse submerso novamente e encontraram edifícios e tábuas de argila cobertas de cuneiforme – um antigo sistema de escrita.
As escavações aconteceram entre janeiro e fevereiro deste ano, e as descobertas foram anunciadas nesta segunda-feira (30). Acredita-se que o sítio arqueológico em questão, chamado Kemune, corresponda à antiga cidade de Zakhiku, pertencente ao Império Mitani (1550 a 1350 a.C.), que foi destruída em um terremoto.
Os arqueólogos encontraram uma grande fortificação com muros e torres, um edifício de vários andares e um complexo fabril, segundo comunicado da Universidade de Tübingen (Alemanha). Essas construções acompanham um palácio que foi descoberto em 2018, também em uma época de seca no reservatório.
O edifício de vários andares tem particular importância para os pesquisadores, porque nele seriam armazenadas mercadorias trazidas de várias regiões. “Os resultados da escavação mostram que o local era um importante centro do Império Mitani”, afirma o arqueólogo Hasan Ahmed Qasim, que participou das escavações.
O palácio também se destaca entre o antigo complexo urbano, porque apresenta murais em vermelho e azul em suas paredes de tijolos de barro – uma característica provavelmente comum para palácios da época, mas raramente preservada.
Assim como o palácio, os outros edifícios também têm paredes de tijolos de barro, com até dois metros de espessura. Apesar de terem ficado submersas por muito tempo, elas estavam bem preservadas – o que impressionou a equipe de pesquisa.
Junto aos edifícios, os arqueólogos também descobriram cinco vasos de cerâmica com mais de cem tabuletas cuneiformes. Acredita-se que algumas delas sejam cartas, que ainda se encontram em pequenos envelopes também feitos de argila. Nas escavações de 2018, dez tabuletas foram encontradas.
Os pesquisadores esperam que esses textos antigos revelem informações importantes sobre o fim da cidade no período do Império Mitani, por exemplo. “É quase um milagre que as tabuletas cuneiformes feitas de argila crua tenham sobrevivido tanto tempo debaixo d’água”, afirma Peter Pfälzner, da Universidade de Tübingen.
Realizadas as escavações, os edifícios foram cobertos com lonas plásticas e cascalho – uma tentativa de reduzir danos ao local antes que o reservatório Mosul voltasse ao nível normal e inundasse a cidade milenar.