Estudo confirma que Homens de Neandertal eram canibais
Cientistas descobrem sinais claros de antropofagia nas cavernas ocupadas pelos primos mais próximos do Homo sapiens.
Um novo estudo da Universidade do Estado da Califórnia em Northridge comprovou que os neandertais se alimentavam de outros neandertais. A teoria era antiga, mas agora ganhou uma prova cabal: a equipe, liderada pela antropóloga francesa Hélène Rougier, encontrou ossos de Neandertais com sinais de desmantelamento nas cavernas de Goyet, localizadas a 20 km da cidade de Liège, na Bélgica.
As ossadas pertenciam a seis indivíduos (um bebê, uma criança e quatro adultos ou adolescentes) e tinham marcas de fraturas e cortes semelhantes aos vistos em ossadas de cavalos e renas para facilitar a retirada da carne e a extração da medula. Os arqueólogos estimam que os esqueletos estejam no local há aproximadamente 40 mil anos. Na mesma época, os neandertais estavam chegando ao fim, extintos pelo Homo sapiens, a nossa espécie, que tinha saído da África para colonizar o planeta inteiro.
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“É irrefutável, o canibalismo era praticado aqui”, afirmou o arqueólogo belga Christian Casseyas em entrevista à agência de notícias France Press. As cavernas de Goyet são galerias de calcário de 250 metros de comprimento ocupadas desde o Paleolítico. O local começou a ser explorado no século XIX por Edouard Dupont, um dos precursores da paleontologia. As descobertas feitas na região deram origem ao livro L’homme Pendant Les Ages de la Pierre (“O homem durante a Idade da Pedra”), uma das obras seminais da antropologia.
Os pesquisadores não têm como dizer quais eram as motivações da antropofagia – se era uma alternativa para as épocas em que que faltava alimento ou uma forma primitiva de ritual religioso, como acontecia entre tribos indígenas do Brasil, que praticavam canibalismo cerimonial.
Os neandertais viveram em partes do oeste da Ásia e na Europa. Eram descendentes do Homo erectus, tal como nós, mas evoluíram no frio da Europa há 400 mil anos, enquanto o sapiens foi forjado no calor da África há 200 mil anos. Eles tinham o cérebro mais volumoso que o nosso, eram mais robustos e não ultrapassavam 1,65 metro de altura. Desapareceram há 40 mil anos, mas deixaram um vestígio importante: algo entre 2% e 5% do DNA de todas as populações humanas de fora da África é composto por genes herdados dos neandertais. Entendê-los significa conhecer melhor a própria humanidade.
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