Texto Raphael Hakime
A chuva ácida carrega corrosivos poderosos, como o ácido sulfúrico, mas eles estão tão diluídos na água que não fazem mal a quem toma um toró de vez em quando. Além disso, é impossível que essas substâncias se acumulem sobre a pele, mesmo que a pessoa não se lave: as células da epiderme são trocadas constantemente. “A pele de ontem já não é a mesma de hoje”, explica o dermatologista Vítor Reis, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Qualquer chuva é ácida, apesar de nem sempre receber esse nome. Isso porque a água (H2O) reage com o gás carbônico (CO2) resultante da respiração de humanos, animais e plantas, formando o ácido carbônico (H2CO3) – que é quimicamente fraco e se decompõe de volta em CO2. Até aí, nenhum problema.
O problema está na emissão de gases como os óxidos de nitrogênio e de enxofre, resultantes da queima de combustíveis fósseis – eles formam, respectivamente, os ácidos sulfúrico e nítrico, que aumentam a acidez da chuva em até 10 vezes. Essa é a chamada chuva ácida. Nos monumentos e construções, o problema ocorre quando ela entra em contato com o carbonato de cálcio presente em materiais como o mármore – e reage, carcomendo a pedra. Guardadas as proporções, é como jogar água sobre uma pastilha efervescente.