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Como funciona a censura na China?

Diversos tipos de informações são barradas pela agência especializada em censura no país

Por Daniela Paixão
Atualizado em 14 fev 2020, 17h52 - Publicado em 18 abr 2011, 18h24

Através da Xinhua News Agency, o órgão de notícias oficial, o governo determina como deve ser feita a cobertura dos eventos mais “sensíveis”. Além da cartilha, a Xinhua produz matérias, e a maior parte dos veículos simplesmente reproduz esse conteúdo, muitas vezes em um ato de autocensura, afinal o governo pode até prender jornalistas que desrespeitem suas ordens.

Por isso, quase tudo o que se lê ou vê na China é produzido pelo governo, de modo que a maior parte da população nem se dá conta da censura. No dia 24 de março, por exemplo, a ONG Repórteres Sem Fronteiras organizou um protesto contra a repressão chinesa no Tibete no local da passagem da tocha olímpica. Mas o que os chineses viram pela TV foi bem diferente. Como não existem canais de TV não oficiais, todos viram imagens de esculturas gregas em vez do protesto.

Rédeas curtas

O governo barra até veículos estrangeiros sediados em território chinês

CONTROLE MORAL

A censura não barra apenas críticas políticas. Temas relacionados a sexo e questões que possam gerar polêmicas, como drogas e homossexualismo, também são barrados. O governo proibiu, por exemplo, entrevistas com a atriz Wei Tang, que fez cenas de sexo no filme Lust, Caution, de Ang Lee. A saída na arte é fugir de críticas explícitas

MELHOR PREVENIR

Muitos veículos preferem não publicar determinadas notícias antes mesmo de sofrer reprimendas. Eles temem medidas mais drásticas do que a não-publicação. Os veículos podem perder a licença de operação e profissionais podem até ser presos. De acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras, das 131 prisões de jornalistas que aconteceram no mundo em 2006, 25% foram na China

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A GRANDE MURALHA

A internet chinesa é controlada através do “Escudo Dourado”, um firewall, sistema de segurança que bloqueia sites que contenham certas palavras consideradas “perigosas” pelo governo. Os sites bloqueados entram em uma espécie de lista negra e, a partir deles, tenta-se chegar a outras URLs “subversivas”

30 MIL ALGOZES

A Xinhua News Agency é a responsável por “ditar” as regras do que pode ou não ser publicado. Existem cerca de 30 mil censores contratados para analisar o conteúdo de textos, vídeos e áudios. Até propagandas podem ser censuradas: em setembro de 2007, a Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão proibiu anúncios, digamos, mais apimentados

LIBERDADE VIGIADA

No sul do país, onde há grande circulação estrangeira, há algumas ilhas de liberdade. Nos hotéis de mais de três estrelas da província de Guangdong, em geral não há restrições para jornais e canais de TV estrangeiros. Hong Kong também tem menos restrições, mas a circulação dos seus jornais, como o South China Morning Post, é barrada em outras regiões

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OLHAR ESTRANGEIRO

Embora a proximidade da Olimpíada tenha reduzido o rigor, a mídia estrangeira também sofre sanções. Hoje jornalistas podem circular pelo país, mas em algumas regiões, como o Tibete, há restrições. Além disso, o governo bloqueia o acesso a informações desfavoráveis em sites estrangeiros, inclusive YouTube

MÍDIA CLANDESTINA

Por mais rigoroso que seja, o governo não consegue controlar trocas de informações entre pessoas. Além de folhetins “subversivos” que circulam de forma clandestina, há também brechas digitais. Um canal de comunicação ainda não controlado pelo governo, por exemplo, é a transmissão de textos, fotos e vídeos via celular

CANAL FECHADO

CCTV é o canal de TV oficial. Além dele, que é nacional, há também estações regionais, mas todas são do governo. Por isso, na China não há transmissões ao vivo. As coberturas supostamente em tempo real têm um delay (atraso) de nove segundos, tempo suficiente para cortar ou mudar a imagem, caso algo inesperado aconteça

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