Parece incrível, mas os cientistas ainda não sabem dizer com certeza. Ou melhor, não se entendem. A princípio, um ser vivo é qualquer coisa capaz de se reproduzir, evoluir e manter um metabolismo (isto é, produzir energia quando come ou respira). Mas só isso não resolve. O caso dos vírus, por exemplo, divide os pesquisadores. Alguns os consideram vivos, já que sabem se reproduzir. Outros acham que não, pois, para começar, eles surgiram a partir de células, como se fossem um defeito dos organismos. “Os vírus são apenas produtos da matéria viva, como os elementos químicos que produzem as cores de uma flor. O fato de eles terem aprendido a se multiplicar não é suficiente para considerá-los seres vivos”, diz o virologista americano Eckard Wimmer, da Universidade de Nova York. Ele tem trunfos para sustentar sua posição, já que foi o líder da equipe que criou o primeiro vírus em laboratório, uma cópia do vírus da poliomielite, em julho deste ano.
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Antes, nenhuma entidade biológica havia sido recriada usando química pura. “Para mim, eles são só produtos químicos. Tanto que nós publicamos a fórmula do vírus da pólio”, afirma Wimmer. Sua posição, porém, está longe de ser unânime no meio científico. “Os vírus podem, sim, ser considerados formas de vida. Eles não têm metabolismo próprio, mas utilizam a maquinaria das células em seu benefício. Além disso, evoluem”, diz o microbiologista Carlos Menck, da USP. O famoso físico inglês Stephen Hawking botou mais lenha na fogueira ao afirmar, em um artigo chamado Life in the Universe (Vida no Universo), que considera os vírus como seres vivos – os de computador, inclusive: “Esses vírus são programas que fazem cópias de si mesmos na memória da máquina e se transferem para outros computadores. Como os vírus biológicos, eles contêm apenas instruções, ou genes, e reprogramam o computador, ou célula . Assim, acredito que sejam uma forma de vida”. Maluquice? Pode até ser, mas já há biólogos que concordam com ele.
Quanto aos outros seres, não resta dúvida: ácaros, grama, fungos de queijo gorgonzola e tudo o mais que contiver células são, sim, considerados vivos. As minúsculas bactérias, aliás, são tidas como os seres de maior sucesso no planeta, pois se adaptaram a praticamente todos os hábitats e se reproduzem há 3 bilhões de anos. Tudo isso com o organismo mais simples de todos, formado por uma célula só.