Qual é a diferença entre a Igreja Católica e a Ortodoxa?
Entenda a rusga que deu origem a essas duas vertentes do cristianismo.
São muitas. No âmbito administrativo, enquanto católicos de todo o mundo seguem o Papa, os ortodoxos possuem maior independência e particularidades regionais. Cada país tem um Patriarca (como Neófito da Bulgária ou Cirilo de Moscou, nomes dos atuais ocupantes da cadeira máxima das igrejas búlgara e russa), e não reconhecem a autoridade papal.
As cruzes também não são iguais: a dos ortodoxos russos, por exemplo, tem três barras. A de cima foi acrescentada por acreditarem que os romanos a teriam utilizado para inscrever famoso acrônimo INRI (abreviação de Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus). A de baixo teria recebido os pés de Cristo, pregados em separado e não juntos como creem os católicos.
Os ortodoxos usam o calendário juliano, diferente do calendário gregoriano católico. Sua quaresma dura 47 dias em vez dos 40 católicos, e o Natal é comemorado em 7 de janeiro. E entre eles, o celibato só é obrigatório para posições mais altas na hierarquia: os padres podem se casar.
Até o final do século 5, as duas igrejas eram uma só, com os católicos de hoje radicados na Europa Ocidental e os ortodoxos ao leste, na Grécia e na Turquia. “A Igreja Ortodoxa surgiu com o objetivo de espalhar o Cristianismo pelo Oriente”, afirma o teólogo Rafael Rodrigues da Silva, da PUC-SP.
Com o tempo, as diferenças culturais criaram várias rusgas entre elas, como a que diz respeito à língua oficial dos cultos: os cristãos do Ocidente queriam o latim, enquanto os do Oriente não abriam mão do grego e do hebraico. A separação veio em 1054, no chamado Cisma do Oriente.
Os ortodoxos questionavam a autoridade papal e não aceitaram a interferência de um cardeal enviado pelo papa Leão IX a Constantinopla, na Turquia. Resultado: o Patriarca Miguel Cerulário foi excomungado pelo Vaticano. Cerulário deu o troco excomungando os católicos e consolidando o rompimento.