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Cabecear a bola faz mal ao cérebro – principalmente para mulheres

Os danos cerebrais causados por essa jogada são 5 vezes mais prejudiciais para as boleiras.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 12 mar 2024, 10h41 - Publicado em 1 nov 2018, 17h42

Em qualquer domingo de futebol, você certamente vai ver, ao menos uma vez, um jogador usa a cabeça para desviar ou receber uma bola. Mas, por incrível que pareça, essa jogada aparentemente banal é péssima para a vida das células cerebrais do rapaz.

Diversos estudos anteriores já constataram: atletas que cabeceiam a bola apresentam, com frequência, lesões cerebrais semelhantes àquelas causadas por uma pancada violenta na cabeça.

De acordo com especialistas, as bolas de futebol podem alcançar uma velocidade de até 50 km/h em partidas amadoras, e mais do dobro disso em jogos profissionais.

Os perigos, portanto, são sérios. As consequências das cabeçadas podem prejudicar até a memória verbal e velocidade psicomotora no futuro, dependendo da quantidade de choques com a bola que um atleta contabiliza em sua carreira.

Para explicar o motivo, é bom começar lembrando que o cérebro humano não está grudado no crânio: ele “flutua” dentro da dura caixa óssea, protegido por um líquido amortecedor e um conjunto de membranas conhecidas como meninges.

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Imagine, portanto, uma caixa de presentes com uma caneca dentro. Se você chacoalhar a caixa, pode quebrar a caneca. Ajuda se você embalar o interior com plástico bolha – e o cérebro tem esse tipo de proteção – mas se o impacto for intenso e repetido, o choque vai acabar rachando a caneca.

Ao longo de toda uma carreira de cabeceador (ou cabeceadora), é justamente isso que ocorre no cérebro.

Bem, mas se a situação já é bem ruim para os homens, a coisa fica ainda mais feia para as mulheres. Pela primeira vez, cientistas verificaram se há alguma diferença no impacto para jogadoras mulheres. E concluíram que sim.

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Segundo um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, cabeçadas são 5 vezes mais prejudiciais para elas do que para eles.

No estudo, os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para examinar os crânios de 98 jogadores amadores de futebol – metade homens e metade mulheres – que havia cabeceado bolas com frequência durante o ano anterior.

Para as mulheres, oito regiões do cérebro mostraram deterioração estrutural, em comparação com apenas três dessas regiões nos homens. Além disso, as atletas do sexo feminino sofreram danos em uma média de cerca de 2.100 milímetros cúbicos de tecido cerebral, em comparação com uma média de apenas 400 milímetros cúbicos nos atletas do sexo masculino.

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Segundo os cientistas, as razões para essa discrepância nas lesões podem ser duas: geralmente, mulheres possuem menos massa muscular para estabilizar o pescoço e o crânio, o que faz com elas sofram um golpe mais forte na hora do choque.

Outro agravante parece ser hormonal. A mulher, ao longo do ciclo menstrual, tem taxas variantes de um hormônio chamado progesterona. Quando ele está alto, garante uma proteção maior contra inchaços no cérebro – consequência de lesões como as do estudo. Mas, quando está baixo, pode aumentar ainda mais a  a vulnerabilidade do sexo feminino à qualquer tipo de choque na cabeça.

Agora, os pesquisadores investigam se essas lesões decorrente das cabeçadas podem levar à consequências cognitivas sérias a longo prazo. Por via das dúvidas, é melhor manter a cabeça fria (e longe das bolas) para esperar os resultados.

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