Como surgiu o café solúvel?
A versão instantânea da nossa bebida nacional foi criada na Suíça em 1937. Mas a idéia partiu dos brasileiros
[pergunta de Luciano Zanella]
Na década de 1920, o Brasil produzia café em excesso. Preocupados com as quedas do preço do grão no mercado internacional, alguns produtores e um representante do Departamento Nacional do Café foram bater na porta do presidente da Nestlé, Louis Dapples, em Vevey, na Suíça. Sugeriam que a empresa fizesse pesquisas sobre a fabricação de cubos de café que permitissem sua conservação e durabilidade, mantendo, ao mesmo tempo, o sabor da bebida. Dapples anteviu lucros gordos e encomendou a tarefa ao químico Max Morgenthaler. Em 1937, o laboratório de Morgenthaler apresentou um pó de café solúvel na água que conservava o aroma graças à adição de hidratos de carbono. Na Europa foi um estouro. Mas, como a lei brasileira não permitia nenhum aditivo no café, a sua versão solúvel – ironicamente – acabou não sendo lançado por aqui até 1953, quando os suíços, afinal, conseguiram produzir o instantâneo com café puro, sem aditivos e sem perda de sabor.
Cafeteira industrial
Extrato evaporado vira café solúvel.
O café torrado é misturado à água a 180 graus Celsius e filtrado numa espécie de cafeteira gigante, onde cabem 800 quilos de pó.
O resultado é um líquido grosso, com 10% de café. Esse extrato é aquecido até evaporar, aumentando a concentração de café para 40%.
A tintura hiperconcentrada vai então para um atomizador, um spray de 30 metros de altura que pulveriza o café. Quando ele cai no fundo, está seco.
Na base, se acumula um pó solúvel. Ele recebe vapor d’água e se aglomera, formando os grãos que você compra no mercado.