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Crianças pobres envelhecem mais rápido do que aquelas de famílias mais ricas, segundo estudo

Estudo com 1160 participantes da Europa mostrou que crianças de famílias com condições de vida melhores passam menos estresse e envelhecem mais lentamente.

Por Eduardo Lima
6 jun 2025, 19h00

Crianças que crescem em contextos pobres têm mais probabilidade de envelhecer mais rápido do que aquelas que nascem em famílias ricas, de acordo com um recente estudo britânico. Essas desvantagens biológicas exacerbadas pela desigualdade foram observadas em crianças da Europa entre 6 e 11 anos.

A pesquisa, conduzida por cientistas do Imperial College de Londres, analisou dados de saúde de 1.160 crianças, de classes sociais e contextos locais diversos. O estudo se junta a outros que ajudam a mostrar que desigualdade de renda não é uma questão puramente econômica, e pode ter impactos na saúde pública.

As crianças europeias foram divididas em três grupos de acordo com uma classificação internacional de afluência familiar. O método não leva em conta somente a renda dos pais, mas também contabiliza se a criança tem um quarto só para ela e até o número de carros por residência. Além disso, os participantes do estudo providenciaram amostras de sangue e urina.

Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico eBioMedicine, e mostram que o tamanho dos telômeros, que se degradam com o envelhecimento, e os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, variavam entre as crianças de acordo com a classe social da família.

Impacto do ambiente

As amostras de sangue foram usadas para medir a média do tamanho dos telômeros das crianças nos glóbulos brancos. Essas estruturas encontradas nas extremidades dos cromossomos servem para impedir o desgaste do material genético, e vão diminuindo com as sucessivas divisões das células, que se multiplicam para regenerar tecidos e órgãos. Eles servem como biomarcador do envelhecimento.

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Quando os telômeros ficam curtos demais, já não protegem mais o DNA da mesma forma, e as células alcançam a velhice, sem conseguir se reproduzir mais. Nos últimos anos, estudos envolvendo essas estruturas dos cromossomos têm se multiplicado para entender como acontece o envelhecimento no nível molecular, e cientistas já relacionaram essa diminuição dos telômeros com doenças crônicas e estresse prolongado.

O estudo britânico descobriu que as crianças de famílias mais ricas tinham os telômeros 5% mais longos, em média, em comparação com aquelas que nasceram em famílias menos afluentes. É uma diferença pequena, mas representativa, que mostra que o envelhecimento acontece mais rápido para crianças em situações de vulnerabilidade.

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As meninas também tinham, em média, telômeros mais longos que os garotos, e crianças com nível de índice de massa corporal (IMC) maior tinham essas estruturas um pouco menores. Os resultados mostram que padrões que podem afetar a saúde pela vida toda são moldados na infância, aumentando a possibilidade das pessoas terem mais problemas de saúde no futuro.

Além dos telômeros, os pesquisadores também prestaram atenção nos níveis de cortisol das crianças. Os níveis do hormônio eram de 15,2% a 22,8% menores entre as crianças de classe média e alta em comparação com as mais pobres. Não é uma questão de qualidade dos genes, e sim de como o ambiente pode impactar no envelhecimento e na saúde de longo prazo.

Nenhuma das famílias analisadas pelo estudo estava em situação de miséria, sobrevivendo abaixo da linha da pobreza, o que é uma limitação para universalizar essas conclusões. Novos estudos na área podem investigar a relação entre comprimento dos telômeros, cortisol e classe social com participantes ainda mais diversos, em outras regiões do mundo.

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