H9N2: por que essa cepa “silenciosa” de gripe aviária preocupa cientistas
Embora não haja casos de transmissão entre humanos, esse subtipo de Influenza está se tornando mais eficaz em infectar células humanas, alertou um novo estudo.
A cepa H9N2 do vírus da gripe aviária é pouco estudada e, em grande parte, deixada de lado porque causa apenas um quadro leve de doença em aves. Mas um novo estudo descobriu que ela tem potencial de causar uma pandemia entre humanos.
O alerta vem de cientistas da Universidade de Hong Kong que estudam a evolução da cepa. Segundo o artigo, ela tem se adaptado para infectar células humanas, embora não haja registro de nenhum caso de transmissão entre pessoas.
O foco atual da ciência em relação à gripe aviária está no H5N1, um subtipo da Influenza A identificado na década de 1990 que infecta principalmente aves. Há um surto atual da doença no mundo: desde 2020, o vírus se espalhou em todos os continentes com exceção da Oceania, adoecendo tanto aves selvagens quanto domesticadas.
Humanos podem contrair a H5N1, embora isso seja raro: é preciso ter contato direto com as aves infectadas – não há casos de transmissão de pessoa para pessoa. Quando ocorre a infecção, porém, o vírus causa um quadro que costuma ser grave, e muitas vezes pode ser fatal. Essa cepa está se espalhando e infectando também muitos mamíferos, o que aumenta o alerta: se ela estiver ficando melhor em infectar nossos primos, pode em algum momento se tornar especialista em parasitar humanos também.
Por causa disso, a vigilância tem sido maior em relação ao H5N1 do que a outros subtipos de Influenza. Mas um novo estudo publicado no periódico Emerging Microbes & Infections traz um alerta sobre uma cepa “silenciosa”.
A H9N2 circula principalmente na Ásia, e causou pelo menos 150 casos no mundo, a maioria na China. A gripe causada por essa variante não costuma ser forte, e por isso o número pode estar subestimado: nem todas as pessoas infectadas acabam testadas.
Não há casos de transmissão entre humanos da cepa, e por isso o potencial pandêmico é considerado baixo por enquanto. Mas o novo estudo analisou o genoma do vírus e descobriu que, desde 2015, o H9N2 vem passando por mudanças genéticas que o tornam mais eficiente em infectar células humanas, se conectando aos nossos receptores de maneira mais efetiva.
Em experimentos feitos em laboratório, amostras do vírus coletadas em 2024 infectaram mais células humanas do que amostras históricas, coletadas em 1999 e guardadas desde então. Isso indica que, de fato, há uma mudança ocorrendo.
Ainda há um longo caminho para o vírus se tornar endêmico, claro; ele ainda é muito mais eficaz em infectar células de aves. Além disso, o experimento foi feito em células em laboratório; não se sabe se ele melhorou também em modelos vivos, já que a temperatura e várias outras características corporais são diferentes entre humanos e pássaros.
Mesmo assim, o estudo serve para alertar sobre a necessidade de mais estudos e vigilância para essa variante. Um possível caminho é estudar mamíferos que vivem nos mesmos habitats de aves asiáticas que podem carregar o H9N2, para saber se eles também estão mais suscetíveis a infecções deste subtipo de gripe.
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