Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Ressonância magnética cerebral mostra que meditação mindfulness para a dor não é placebo

Estudo com 115 participantes mostra que a prática reduz a percepção de dor de forma diferente e mais potente do que o placebo.

Por Bela Lobato
14 set 2024, 10h00

Há séculos a meditação da atenção plena, ou mindfulness, é usada para controle da dor. Até então, acreditava-se que o seu efeito era devido ao efeito placebo, mas um novo estudo com 115 pessoas saudáveis aponta que a prática tem efeitos contra a dor detectáveis no cérebro.

“A mente é extremamente poderosa, e ainda estamos trabalhando para entender como ela pode ser aproveitada para o controle da dor”, disse, em comunicado, Fadel Zeidan, coautor do estudo. “Ao separar a dor do eu e renunciar ao julgamento avaliativo, a meditação da atenção plena é capaz de modificar diretamente a forma como sentimos a dor de uma maneira que não usa drogas, não custa nada e pode ser praticada em qualquer lugar.”

O estudo separou os participantes em quatro grupos, e cada um passou por um processo diferente antes de receberem um estímulo doloroso e inofensivo. Um grupo realizou uma uma meditação guiada de atenção plena; outro uma meditação falsa de atenção plena que consistia apenas em respiração profunda; o terceiro aplicou vaselina no corpo e os participantes foram treinados para acreditar que reduz a dor; e, como controle, o quarto grupo apenas ouviu um audiolivro. 

Os participantes passaram por uma tomografia computadorizada antes e depois das intervenções. Os resultados mostraram que quem havia feito a meditação de atenção plena relatou que a dor foi menos intensa e menos desagradável, e as imagens cerebrais mostraram menores padrões de atividade cerebral associados à dor e às emoções negativas. 

A análise dos padrões de atividade cerebral foi feita com um método chamado análise de padrões multivariados (MVPA). A técnica utiliza o machine learning (aprendizado de máquina, uma aplicação de inteligência artificial) para analisar separadamente os diversos mecanismos neurais complexos envolvidos na experiência da dor. Assim, é possível diferenciar as respostas a estímulos térmicos específicos, emoções negativas e respostas à dor que são impulsionadas pelo efeito placebo.

Continua após a publicidade

Dessa forma, foi possível analisar separadamente os processos proporcionados pela meditação de atenção plena e pelo efeito placebo. Os pesquisadores apontam que embora o creme placebo e a meditação com atenção plena simulada tenham reduzido a dor, a meditação mindfulness foi significativamente mais eficaz na redução da dor.

“Há muito tempo se supõe que o efeito placebo se sobrepõe aos mecanismos cerebrais acionados por tratamentos ativos, mas esses resultados sugerem que, quando se trata de dor, esse pode não ser o caso”, disse Zeidan. “Em vez disso, essas duas respostas cerebrais são completamente distintas, o que apoia o uso da meditação da atenção plena como uma intervenção direta para a dor crônica, e não como uma forma de ativar o efeito placebo.”

Segundo os autores, as descobertas de que a meditação da atenção plena é mais potente do que o placebo e não envolve os mesmos processos neurobiológicos têm implicações importantes para o desenvolvimento de novos tratamentos para a dor crônica. Entretanto, apontam a necessidade de mais pesquisas para investigar os efeitos em pessoas que sofrem de dor crônica, e não só em participantes saudáveis. 

Continua após a publicidade

“Milhões de pessoas convivem com a dor crônica todos os dias, e é possível que essas pessoas possam fazer mais para reduzir a dor e melhorar a qualidade de vida do que entendemos anteriormente”, disse Zeidan. “Estamos animados para continuar explorando a neurobiologia da atenção plena e como podemos aproveitar essa prática antiga na clínica.”

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.