Vacina previne o vício em cigarro
Substância bloqueia a ação da nicotina no organismo - impedindo que o indivíduo sinta vontade (ou prazer) de fumar
Salvador Nogueira
O cigarro será varrido da face da Terra – e ninguém entenderá por que seus antepassados insistiam em consumir um produto que, além de fazer tão mal à saúde, não tem a menor graça. Esse cenário utópico poderá se tornar realidade graças a uma descoberta de cientistas da Universidade Cornell, nos EUA, que criaram uma vacina que bloqueia a nicotina – o princípio ativo do cigarro. Quando o indivíduo toma essa vacina, seu corpo recebe um novo gene. Esse gene passa a produzir anticorpos que se ligam à nicotina, impedindo que ela chegue ao cérebro. A invenção já foi testada com sucesso em ratos: bastou uma única dose para tornar os camundongos imunes à nicotina pelo resto da vida. É a primeira vez que uma vacina antinicotina funciona (uma versão anterior, conhecida como NicVAX, acabou fracassando após 11 anos de desenvolvimento). O medicamento poderia ser usado tanto para proteger quem não fuma quanto para ajudar os fumantes que desejam se livrar do vício.
Como envolve a introdução de um novo gene no organismo, um processo bastante delicado, a vacina ainda terá de passar por muitos testes antes de chegar ao mercado. Mas isso deve acabar acontecendo. “Se o grau de eficácia que vimos for o mesmo para humanos, a vacina pode ser uma terapia preventiva efetiva para a dependência em nicotina”, diz o médico Ronald Crystal, líder do estudo. Milhões de vidas poderão ser salvas. E a humanidade poderá esquecer a era do tabaco.