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26% dos paulistanos já foram infectados pelo coronavírus, diz estudo

Números apontam 700 mil infecções na cidade nos últimos três meses; pessoas de baixa renda e escolaridade foram mais expostas ao vírus

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 22 out 2020, 16h17 - Publicado em 22 out 2020, 16h16

A esta altura da pandemia, com o número de mortes e novos casos de Covid-19 em queda no estado de São Paulo, é possível que boa parte da população já tenha contraído a doença, mesmo que de forma assintomática. Agora, uma pesquisa feita pela USP, em parceria com outras instituições, mostrou que, apenas na capital paulista, cerca de 2,2 milhões de adultos já foram infectados pelo Sars-CoV-2. 

Os dados fazem parte da quarta fase do projeto SoroEpi MSP, em que os pesquisadores aplicaram em parte da população o teste sorológico para detecção de Covid-19. Se o resultado fosse positivo, ou seja, com prevalência de anticorpos, considerava-se que aquela pessoa foi infectada pelo vírus em algum momento. As amostras dos 1.129 voluntários foram recolhidas no mês de outubro. Todos os participantes eram adultos e moradores de 152 diferentes áreas do município de São Paulo. 

No estudo, os cientistas puderam traçar os perfis dos principais infectados pelo coronavírus. Para isso, consideraram fatores como raça/cor, classe social e nível de ensino. Entre as pessoas pretas e pardas, 31,6% apresentaram sorologia positiva, contra 20,9% das pessoas brancas. Para as pessoas de baixa renda, o resultado foi semelhante: 30,4% contra 21,6% daqueles indivíduos com renda mais alta. O número mais gritante aparece ao considerar a escolaridade: dos paulistanos com ensino fundamental completo, 35,8% já haviam sido infectados, contra 16% dos indivíduos com curso superior completo. 

A terceira fase do projeto foi realizada em julho. De lá para cá, o  percentual de pessoas com anticorpos aumentou de 17,9% para 26,2%. Isso indica que, dentro de um intervalo de três meses, cerca de 700 mil adultos foram infectados pelo novo coronavírus na capital paulista. Em ambas as fases, os pesquisadores aplicaram nos voluntários dois diferentes tipos de testes sorológicos, garantindo a precisão do rastreio.

A existência desses dados serve como auxílio para o desenvolvimento de políticas públicas por parte das autoridades. Dessa forma, cria-se uma noção de quantas pessoas podem estar imunizadas (considerando os anticorpos), quais são as regiões mais afetadas e também quais grupos merecem maior atenção. O projeto SoroEpi MSP pode dar um norte para as próximas estratégias de prevenção e controle da pandemia de Covid-19 no município de São Paulo.

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