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Calor extremo deforma trilhos de trem e rodovias na Europa

Ferrovias, rodovias e aeroportos são prejudicados pelas mudanças climáticas. O calor extremo também trouxe problemas para a agricultura e produção de energia. Confira.

Por Luisa Costa
20 jul 2022, 20h48

Na última terça-feira (19), pelo menos 21 países europeus emitiram alertas de calor extremo. O Reino Unido, por exemplo, alcançou a temperatura recorde de 43 °C. As ondas de calor impulsionadas pelas mudanças climáticas vêm causando transtornos no continente europeu nas últimas duas semanas, comprometendo inclusive a infraestrutura de muitos locais.

Locomoção

Em Londres, por exemplo, os trilhos se expandiram e dobraram. A Network Rail Limited, empresa responsável pela rede ferroviária de lá, explicou em comunicado que as temperaturas correntes são maiores do que algumas das pistas foram projetadas para suportar (em torno de 27 °C).

O problema é a dilatação térmica: o calor faz as moléculas se moverem mais rapidamente e ocuparem um espaço maior, o que aumenta o tamanho do material. A expansão é vista especialmente em metais, como os que guiam os trens. 

Uma solução emergencial adotada pela empresa foi… pintar os trilhos de branco. Países como Itália, Suíça e Áustria já adotaram projetos similares de pintura de ferrovias. A cor branca ajudaria a resfriá-las, já que refletem grande parte da radiação solar.

Além de trilhos deformados, o funcionamento dos trens é afetado pela ocorrência de incêndios florestais. Os incêndios são mais intensos quando as ondas de calor aparecem, já que elas sugam parte da umidade da vegetação. Por causa de um incêndio próximo aos trilhos, a administradora ferroviária da Espanha, RENFE, suspendeu temporariamente seus serviços no noroeste do país na última segunda-feira (18).

Um passageiro registrou o “momento de pânico”, dentro de um vagão, quando o trem próximo à cidade de Zamora ficou cercado por chamas. Confira abaixo:

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E não são só problemas nos trilhos. As estradas, além de ameaçadas pelos incêndios florestais, também podem ficar deformadas devido ao calor extremo. 

O calor amolece o asfalto, fazendo com que o peso dos veículos forme buracos e deformações na estrada. Foi o que aconteceu em Cambridgeshire (Inglaterra), na rodovia A14, que ficou interditada entre segunda (18) e terça-feira (19).

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A mesma coisa pode acontecer, claro, com pistas de aeroportos (que são basicamente estradas gigantes). Em Londres, o aeroporto Luton suspendeu os voos por algumas horas depois que parte de uma pista ficou deformada com o calor escaldante.

Agricultura e energia

Países como Espanha, Portugal, França, Grécia e Itália passam por uma de suas piores secas. As colheitas vão para o ralo – o que leva ao aumento dos preços dos alimentos.

A onda de calor também promete agravar a crise energética. Usinas de energia elétrica estão operando em capacidade reduzida para manter as temperaturas sob controle, e gasodutos de gás natural estão limitando seus fluxos. Enquanto isso, cresce a demanda das pessoas por refrigeração em suas casas e escritórios.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial da ONU, a onda de calor deve continuar até a próxima semana. E tudo isso impacta diretamente a economia: pesquisadores estimam que as ondas de calor reduziram o crescimento do PIB na Europa em até 0,5% na última década.

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Isso sem falar no custo humano da situação. Milhares de pessoas estão fugindo de incêndios florestais, enquanto outras morrem por conta do calor excessivo – só Portugal registrou mais de mil mortes devido ao calor este mês.

As mudanças climáticas já começaram a afetar nosso cotidiano dramaticamente – da locomoção à economia e sobrevivência. O Brasil não está a salvo: agricultura ameaçado, crise hídrica e riscos à saúde pública já são uma realidade. Você pode conferir detalhes sobre o relatório do IPCC sobre o Brasil nesta reportagem da Super.

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