Conheça os brasileiros que já foram indicados ao Prêmio Nobel
O país já bateu na trave dezenas de vezes, mas nunca recebeu o prêmio. Conheça algumas das histórias.

O Brasil nunca recebeu um Nobel – mas isso não significa que os cientistas do País tenham passado batido pelo comitê de organização.
A lista de indicados ao prêmio Nobel é mantida em sigilo por 50 anos. Por isso, os dados oficiais mais recentes são de 1974 (liberados em 2024). Até aquele ano, 28 brasileiros foram nomeados por mais de 200 membros da banca.
Um dos casos mais emblemáticos é o de César Lattes, físico que ajudou a descobrir a partícula subatômica méson pi. Lattes teve papel crucial no desenvolvimento da técnica para a descoberta, que rendeu o Nobel de Física de 1950 ao chefe do seu laboratório, Cecil Powell. O brasileiro foi mencionado nos agradecimentos, mas não levou o prêmio.
Outro que chegou perto foi Carlos Chagas, que fez história ao ser o único pesquisador a descobrir sozinho o agente causador, o vetor de transmissão, os sintomas e a evolução completa de uma doença – que leva o nome apropriado de doença de Chagas. Ele concorreu duas vezes ao Nobel de Medicina, em 1913 e em 1921.
A cientista Johanna Döbereiner, imigrante tcheca naturalizada brasileira, revolucionou a agricultura ao descobrir que bactérias podiam substituir fertilizantes químicos na fixação do nitrogênio (um dos elementos-chave para o crescimento das plantas). A sua pesquisa na Embrapa economizou bilhões em fertilizantes, impactou o mundo todo, e, segundo a Faperj, rendeu a ela uma indicação ao prêmio de Química de 1997 (só saberemos com certeza em 2047).
Já o renascentista Mário Schenberg era físico teórico, crítico de arte e político. Durante a carreira científica, foi colega de bancada de vários nobelistas, como os físicos Enrico Fermi, Wolfgang Pauli e Irène Joliot-Curie (filha de Marie Curie). No estudo de estrelas, ajudou a desenvolver o limite de Schönberg-Chandrasekhar, que rendeu o Nobel de Física de 1983 para o seu parceiro, o indiano Subrahmanyan Chandrasekhar.
A lista continua: o médico Manoel de Abreu concorreu três vezes ao prêmio de Medicina pela criação da abreugrafia, uma técnica de radiografia em massa que ajudou no combate à tuberculose. Já Fritz Feigl, austríaco naturalizado brasileiro que estudava reações químicas, bateu na trave do Nobel de Química em oito edições.
Há ainda o caso de Peter Medawar, filho de um libanês e uma inglesa que nasceu no Rio de Janeiro. Ele foi premiado com o Nobel de Medicina em 1960 por suas pesquisas em imunologia e transplantes. Medawar poderia ter sido o primeiro nobelista brasileiro, mas perdera a cidadania brasileira ainda jovem, supostamente por irregularidades no serviço militar daqui.
O brasileiro que mais recebeu nomeações ao Nobel foi o diplomata e arcebispo Dom Helder Câmara, nomeado para a Paz por 61 diferentes membros entre 1970 e 1974. Na Literatura, Jorge Amado leva o pódio com 19 nomeações entre 1967 e 1973.