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‘Trabalho mais legal da Terra’: ilha da Antártida recebe 5 novos funcionários

Eles vão trabalhar em um museu, em uma lojinha e na agência postal mais ao sul do mundo. Saiba como será o expediente por lá.

Por Bela Lobato
15 out 2024, 19h30

A ilha Gouldier tem o tamanho de um campo de futebol. Ela abriga o Porto Lockroy, formado por três pequenas construções que já foram as bases de uma expedição secreta de guerra britânica e que, hoje, são uma das atrações turísticas mais visitadas da Antártida

Em Porto Lockroy há uma lojinha, um museu e a agência postal mais ao sul do mundo. Engana-se quem pensa que não há movimento: apesar de ser remota, a agência processa até 80 mil cartas e cartões postais por temporada. Essas correspondências são enviadas pelos cerca de 18 mil passageiros de navios de cruzeiro que passam pela região durante o verão.

Porto Lockroy recebe agora a equipe que trabalhará lá até março de 2025. São cinco postos fixos: uma líder da base, uma monitora da vida selvagem, um carteiro e duas gerentes (uma do museu e uma da loja). A ilha ainda deve receber a visita pontual de dois carpinteiros para realizar a manutenção das construções da ilha.

Na seleção, a instituição beneficente britânica que administra a ilha, a UK Antarctic Heritage Trust (UKAHT), destacava que seria importante que os candidatos fossem aventureiros, bem relacionados e estivessem em forma. 

Isso porque os cinco contratados dividirão uma cabana sem água nem esgoto canalizado durante cinco meses. Eles não poderão tomar banho nem ducha, exceto quando navios de cruzeiro os convidarem para embarcar (e os enviarem de volta à base com um reabastecimento de alimentos frescos).

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Se alguém quiser passar algum tempo sozinho, será difícil: não há espaço para correr ou caminhar. Mas há trabalho físico de sobra para todos eles, que além de suas funções específicas, precisam dividir as tarefas de manutenção da vida na ilha. 

“Isso inclui: carregar galões de 20 litros de água, levantar e carregar caixas de 15 kg, escavar MUITA neve todos os dias, cortar degraus na neve/gelo para que os visitantes desembarquem com segurança e descarregar barcos em pedras escorregadias.”, diz o site da UKAHT. “Embora os candidatos não precisem ser atletas, eles precisam ser fortes e resistentes para realizar essas tarefas diariamente durante vários meses.”

Foto da equipe do porto lockroy para o verão de 2024/25
A nova equipe principal de Porto Lockroy, da esquerda para a direita: Aoife McKenna, gerente do museu; George Clarke, carteiro; Lou Hoskin, líder da base; Dale Ellis, gerente da loja e Maggie Coll, monitora da vida selvagem. (UKAHT/Peter Watson/Reprodução)
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As temperaturas devem ficar em torno de 0ºC entre novembro e março, quando será verão no Hemisfério Sul. O clima mais “quentinho”, porém, tem um lado negativo. Por conta da inclinação da Terra, a Antártida passa mais tempo exposta ao Sol nessa época. Pela maior parte da estação, haverá luz 24 horas por dia, sem pausa. Haja janela blecaute para dormir. 

Além da luminosidade, os funcionários também precisarão lidar com o barulho. Pois é: a ilha é habitada por centenas de pinguins-gentoo, que gritam dia e noite. O trabalho da monitora da vida selvagem será contar esses animais diariamente, como parte de uma pesquisa que avalia continuamente as populações de pinguins na Antártida. A escolhida para o cargo foi Maggie Coll, que sempre trabalhou com turismo na Escócia.

Cada um dos novos recrutas pode levar uma quantidade limitada de artigos pessoais, já que não sobra muito espaço na base. Mas sobra muito tempo: as equipes anteriores contaram que se entretinham quase todas as noites com jogos de tabuleiro, vendo filmes ou preparando apresentações uns para os outros para compartilhar conhecimentos pessoais. 

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“Há internet na base, mas decidimos, como equipe, que preferimos não usá-la muito.” , disse o novo carteiro, George Clarke, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Sou um artista entusiasmado. Sei que há pessoas que trazem agulhas de tricô e quebra-cabeças, e há uma pequena biblioteca na base onde as pessoas podem trazer livros. Então, todos nós decidimos trazer um de nossos romances favoritos, um de nossos livros de não-ficção favoritos, e trocá-los entre nós.”

“Parte da alegria de ir para um local tão remoto é estar um pouco isolado do mundo. Por isso, certamente não acho que vamos ficar olhando para o celular todas as noites.”, completa Clarke.

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