O que (não) esperar do Optimus, o robô humanoide anunciado pela Tesla
O robô deveria auxiliar os humanos em atividades perigosas, repetitivas e entediantes. Mas ele ainda não possui um protótipo – e a proposta dificilmente sairá do papel em breve. Entenda.
Na última quinta-feira (19), a Tesla realizou seu anual circuito de palestras para recrutar talentos e apresentar as novas tecnologias da marca. Este ano, o tema do evento foi Dia da Inteligência Artificial. Elon Musk, CEO da empresa, aproveitou a conferência para anunciar o Tesla Bot, também conhecido como Optimus: um robô humanoide idealizado pela montadora.
De acordo com o bilionário, o robô serviria como um auxiliar para os humanos. Ele poderia substituir uma pessoa em tarefas perigosas, repetitivas ou simplesmente entediantes, como fazer compras no mercado. O Optimus seria equipado com inteligência artificial, sendo capaz de responder a comandos de voz de seus proprietários.
Perceba que usamos serviria e poderia – porque o robô nem começou a sair do papel. A promessa é furada, mas vamos entender a proposta antes de chegar neste ponto.
O carro-chefe da Tesla são, literalmente, os automóveis elétricos. Além disso, a empresa também aposta em carros autônomos – ou seja, que não precisam de um motorista. Os sensores aplicados no robô seriam os mesmos já utilizados nos veículos da empresa. O Optimus também teria diversas câmeras distribuídas pelos seus 173 centímetros de altura, além de 40 atuadores eletromecânicos que permitem o movimento da máquina. Ele também conta com uma tela no local em que seria sua face, como a de um computador ou celular, que deve ser utilizada para transmitir mensagens.
De acordo com Elon Musk, o trabalho físico se tornará uma escolha para os humanos. Os robôs tomarão frente e, como saída para o desemprego, o bilionário falou sobre a atribuição de uma renda básica universal. Se você já jogou o game Detroit: Become Human, em que robôs ganham consciência humana, pode ficar um pouco apreensivo com as novidades. Essa é, inclusive, uma preocupação do próprio Elon Musk, que chegou a dizer, no passado, que uma possível revolução das máquinas poderia levar a uma 3ª Guerra Mundial.
Mesmo assim, o empresário falou durante a apresentação que o Optimus será amigável, e explicou que o robô é projetado para que seu proprietário humano consiga dominá-lo ou fugir dele, caso necessário. A máquina teria velocidade máxima de 8 quilômetros por hora e seria fraca o suficiente para ser contida. Para ter uma noção, Musk diz que o robô pesará 57 quilos e suportará cargas de até 20 quilos. Melhor prevenir do que remediar.
“Os nossos carros são como robôs em rodas”, disse o empresário. “Faz sentido colocar isso em uma forma humanoide. Nós também somos bons em fazer sensores, baterias e atuadores”.
Elon Musk anunciou que o primeiro protótipo do Tesla Bot estará pronto em 2022, mas é melhor manter as expectativas baixas. Durante a palestra, não houve nenhum demonstrativo do Optimus, mas sim a exibição de um dançarino vestido de robô que, diga-se de passagem, só tornou toda a palestra ainda mais bizarra. Além disso, as promessas de Musk em seus circuitos de palestras são conhecidas por não serem cumpridas: o histórico vai desde telhas solares nunca aplicadas até uma grande frota de “robotáxis” autônomos que não entrou em circulação.
A Tesla está envolvida em polêmicas recentes devido a acidentes envolvendo seus carros, e o anúncio pode ter sido apenas uma forma de mudar o foco da imprensa. Em abril deste ano, dois americanos morreram após o veículo Model S 2019 se chocar com uma árvore e pegar fogo. Os socorristas não encontraram ninguém no banco destinado ao piloto, o que levou as autoridades a acreditarem que o carro estava no piloto automático. A Tesla contesta a informação, dizendo que o recurso não funciona se os passageiros estiverem sem cinto (o que era o caso) e que o homem encontrado no banco da frente pode ter sido jogado ao local do passageiro após a batida.
Reguladores federais de segurança dos Estados Unidos ainda estão investigando o caso. De toda forma, a polêmica dificulta ainda mais a execução de um robô que – pelo menos segundo Musk – é uma cópia dos carros autônomos.