Presidiários estão aprendendo a programar nos EUA
A ideia veio de uma ONG que acredita que, no futuro, vai faltar mão de obra especializada em computação.
Chris Redlitz, um empreendedor americano, acha que a chave para diminuir a reincidência criminal entre os presos nos EUA é ensinar idiomas para eles. Mas nada de espanhol, francês ou mandarim – ele acha que a solução está no HTML, Python, CSS e Javascript.
O empresário é o fundador da The Last Mile, uma ONG que criou um programa de apoio nas prisões americanas. Ele começou dando palestras motivacionais nas cadeias sobre empreendedorismo e oportunidades para abrir negócios próprios. Mas, aos poucos, percebeu que seria mais eficiente ensinar habilidades específicas aos presidiários.
Foi assim que começou o Code.7370, o primeiro curso atrás das grades de programação de software dos EUA. As turmas iniciais são de San Quentin, a prisão mais antiga da Califórnia.
Nas aulas, os alunos aprendem a criar soluções tecnológicas, algoritmos e aplicativos de celular. O gerente do projeto reúne as melhores criações e tenta vendê-las lá fora, para empresas do Vale do Silício. Qualquer lucro que o projeto venha a ter é redirecionado às oficinas futuras.
A princípio, os presos aprendem 4 linguagens de programação, mas o objetivo da ONG é ampliar as aulas para incluir webdesign, criação de logos, visualização de dados e user experience.
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Uma das barreiras para o curso, porém, é o fato de que o acesso à internet não é permitido dentro da cadeia. A proibição exigiu que a ONG desenvolvesse – e conseguisse aprovar na Justiça – uma plataforma de simulação que permitisse aos presos testar a funcionalidade do seu código ao vivo.
A ideia da instituição (que tem como um dos seus diretores o rapper MC Hammer, sucesso dos anos 90) é que os presidiários, depois de cumprir a pena, tenham ideias de negócio e capacidade para entrar no mercado da tecnologia. Isso porque eles acreditam que, no futuro, a demanda por programadores crescerá mais rápido do que o número de pessoas que saberão programar – e isso vai aumentar a chance dos ex-presidiários conseguirem empregos.
A TLM também dá uma mãozinha para quem não quer ser contratado e, sim, começar o próprio negócio: ao final do curso, dado em parceria com a escola de programação Hack Reactor, a ONG convida 350 investidores do mercado para assistirem às propostas dos estudantes – e os melhores pitchs têm a chance de ganhar um apoio financeiro antes mesmo da pena terminar.