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Anéis de Saturno estão desaparecendo rapidamente, diz estudo

Taxa acelerada de "chuva de gelo" pode fazer bambolês sumirem em 300 milhões de anos.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 21 dez 2018, 18h49 - Publicado em 21 dez 2018, 18h47

Dos nossos sete vizinhos de Sistema Solar, um deles inevitavelmente se destaca à primeira vista. Graças a uma combinação única de gelo e poeira, Saturno mantém na cintura bonitos anéis – que, pelas lentes de sondas da Nasa, aprendemos a admirar como se fossem jóias de verdade.

Sem seus bambolês gelados, convenhamos, o sexto planeta da lista chamaria bem menos atenção na feira de ciências: Saturno não é tão grande quanto Júpiter, nem tão próximo ao Sol quanto Mercúrio ou, tampouco, tão isolado quanto Netuno – nem cheio de vida, como a Terra, e, ainda, menos acessível que Marte. Restaria uma bola rochosa bege, meio pálida e sem tanta graça. Um perfeito irmão-do-meio no sistema Solar.

Como tudo nessa vida é transitório, o acessório único não ficará no lugar para sempre. Os famosos anéis que garantiram a fama para Saturno estão com os dias contados.

Acredita-se que eles devam desaparecer em coisa de 300 milhões de anos (mais precisamente, 292 milhões). Pelo menos, essas são as estimativas mais recentes de uma pesquisa publicada na revista científica Icarus, que envolveu pesquisadores do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa.

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A análise combinou dados colhidos pela Sonda Cassini, que espatifou em Saturno em 2017, com observações de 2011 do telescópio Keck II, instalado no Havaí. O foco do estudo foi no íon H3+, presente na atmosfera de Saturno e responsável pelo fenômeno sugestivamente batizado de “chuva de anéis”. O processo foi descoberto em 2013 e é como se fosse um chuveirinho atmosférico em que, ao invés de gotas de água, caem partículas de gelo.

Essa chuva de gelo, segundo os pesquisadores, faz com que uma tonelada e meia de água se desprenda do planeta a cada segundo. “Estimamos que essa chuva toda seja capaz de encher uma piscina Olímpica a cada meia hora”, escreveu isse James O’Donoughue, físico espacial da Nasa, em um comunicado. Nesse ritmo, a chuva pode fazer com que, daqui a 300 milhões de anos, os anéis de Saturno sejam somente história.

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“Temos sorte de conseguir observar o sistema de anéis de Saturno, que parece estar no meio de sua vida”, completou O’Donoughue. “Contudo, no caso de anéis serem mesmo temporários, perdemos a chance de ver os que existiam ao redor de Júpiter, Urano e Netuno, que só possuem argolas muito finas atualmente”, completa. Enquanto os anéis de Saturno foram flagrados por Galileu Galilei, os dos vizinhos de Sistema Solar se revelaram somente no final do século 20, com a ajuda de equipamentos mais potentes. Hoje, são quase invisíveis.

Sabe-se atualmente que as estruturas que circulam Saturno não vieram de fábrica, com o nascimento do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. Na verdade, são bem mais recentes: nasceram nos últimos 100 milhões de anos – época que dinossauros ainda passeavam pela Terra. Pensando em uma escala astronômica, foi quase ontem. Para a humanidade, no entanto, é uma infinidade.

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Está aí uma boa notícia: enquanto existir espécie humana, poderemos olhar para o céu e ver os anéis de Saturno. Afinal, 300 milhões de anos só é pouco tempo para que já fez 4,5 bilhões de aniversários.

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