Alessandro Greco e Denise Barros
Há 65 milhões de anos os dinossauros foram varridos da face da Terra pela colisão de um corpo celeste, que deixou uma cratera de 180 quilômetros de diâmetro na península do Yucatán, no sudeste do México. Será que teremos o mesmo destino?
Corpos celestes trombam com a Terra muito mais frequentemente do que imaginamos. Para nossa sorte, a maioria deles é bem pequena e acaba por ser desintegrada ao entrar na atmosfera terrestre. O problema acontece quando um deles é grande o suficiente para ultrapassar nossa camada protetora. Aí, o estrago pode ser grande. Bem grande.
A possibilidade de uma hecatombe similar ao impacto que destruiu os dinossauros ocorrer no curto prazo novamente é pequena, segundo o relatório Defending Planet Earth, publicado em 2010 pelo Conselho de Pesquisa Nacional da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. O texto avalia que uma colisão com a possibilidade de gerar uma extinção em massa ocorra a cada 100 milhões de anos. Ou seja: temos ainda, em teoria, 35 milhões de anos de vida sem um deles batendo em nossas cabeças se considerarmos que o último grande impacto foi há 65 milhões de anos (um alívio, não?). Por outro lado, a questão não é “se” isso ocorrerá, mas “quando”.
A Agência Espacial Americana (Nasa) tem um programa chamado Near Earth Object Program (NEO) que monitora continuamente objetos que passam, como diz o nome, perto da Terra. Em 2004, por exemplo, astrônomos determinaram que o asteroide Apophis poderia estar em rota de colisão com a Terra. A data: 2029. O Apophis, com seus 300 metros de diâmetro, poderia causar danos regionais com mudanças climáticas locais, segundo o relatório. Mais alguns cálculos e os astrônomos concluíram que em 2029 nada aconteceria e que em 2036 (próxima passagem do Apophis perto da Terra) a probabilidade de uma colisão ocorrer também era desprezível. Outro alívio? Não. “É muito provável que muitos objetos do tamanho do Apophis ainda precisem ser detectados”, diz o texto.
Como desviar um objeto em rota de colisão com a Terra
Se um dia o programa NEO, a sigla em inglês para “objetos próximos da Terra”, confirmar que temos um corpo celeste em rota de colisão com o planeta, a solução para evitar o impacto ainda é hollywoodiana (ou seja, uma ficção). Atualmente a medida mais efetiva é evacuar a região. Obviamente a ideia é válida apenas para objetos pequenos e o relatório Defending Planet Earth a considera a única possível de ser executada em prazos curtos, algo em torno de um a dois anos. As opções disponíveis para desviar corpos maiores, com dezenas ou centenas de metros de diâmetro, são basicamente mandar algo para colidir com ele de forma a mudar sua órbita. Essas técnicas, no entanto, não passam de ideias conceituais e necessitariam de anos ou até décadas para serem executadas. A mais extrema delas, para corpos com alguns quilômetros de diâmetro, seria realizar uma explosão nuclear para desviar a órbita do objeto. Agora, a partir de um certo diâmetro, o relatório é claro sobre o que aconteceria. “Para NEOs maiores (mais que alguns quilômetros de diâmetro), o que estaria na escala de gerar danos globais sérios e talvez extinções em massa, não há atualmente defesa possível. Para nossa sorte, esses eventos são muito raros, o último deles aconteceu há 65 milhões de anos.”
Cometas são feitos de gelo (a diferença mais marcante em relação aos asteroides) e trazem importantes pistas sobre a formação da Terra. A hipótese mais aceita pelos astrônomos é que a água chegou ao nosso planeta depois do impacto de um cometa. Ou seja: eles podem matar, mas sem eles a vida não existiria por aqui. A observação de suas passagens estão entre os primeiros passos da astronomia.
Asteroides são pedaços de um planeta que não nasceu. A própria Terra surgiu de asteroides que se aglutinaram há 4,5 bilhões de anos. Um cabo de guerra gravitacional entre Júpiter e o Sol, porém, impediu (e ainda impede) que os asteroides além da órbita de Marte formem um planeta. Por isso eles ficam rondando sobre nossas cabeças, causando mega-extinções de tempos em tempos.