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Astrônomos estão cada vez mais certos de que o Planeta Nove existe mesmo

Cientistas que propuseram a hipótese há três anos publicaram artigos revisando as evidências – e apresentando novas estimativas sobre o planeta misterioso.

Por A. J. Oliveira
Atualizado em 28 fev 2019, 17h42 - Publicado em 28 fev 2019, 17h39

No começo soava meio esquisito: como pode um planeta gigante, muito maior e mais pesado do que a Terra, estar escondido bem debaixo de nossos narizes, dentro do próprio Sistema Solar? Quando Mike Brown e Konstantin Batygin, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia, apresentaram pela primeira vez a hipótese do Planeta Nove, há três anos, muitos duvidaram de sua existência. Mas, de lá para cá, foram aparecendo novos indícios que sustentam a ideia. Eles acabam de ser revisados e analisados em dois novos artigos.

Brown e Batygin divulgaram detalhes sobre a localização e a natureza desse ainda hipotético mundo, que desde seu anúncio, em 2016, tem sido alvo de intensas investigações pela comunidade astronômica internacional. Quem não quer ser eternizado nos livros de ciência como o descobridor de um novo membro na família planetária do Sistema Solar, não é mesmo? Essas buscas, por ora, não deram em nada. É um desafio imenso encontrar o astro, cuja órbita é 13 vezes mais distante do Sol que a de Netuno.

Um dos artigos, publicado no periódico The Astronomical Journal, consiste em uma análise minuciosa das órbitas de objetos do Cinturão de Kuiper — aglomerados de corpos congelados que ficam além da órbita netuniana e cujos movimentos são bastante influenciados pelos puxões gravitacionais tanto do gigante gasoso, quanto do Planeta Nove.

O que não se tinha certeza até então era se esses desvios observados nas órbitas são de fato reais ou se surgem de observações enviesadas, dependendo da forma como esses objetos do Cinturão de Kuiper são estudados e de suas localizações. Brown e Batygin desenvolveram um método para quantificar o viés por trás de cada observação, e chegaram a uma conclusão importante. As chances dessa aglomeração de corpos com órbita estranha ser falsa é de uma em 500, o que torna todo o conceito bastante confiável.

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“Apesar de essa análise não dizer nada diretamente sobre se o Planeta Nove está lá, ela indica que a hipótese se sustenta sobre um alicerce sólido”, afirmou Brown em comunicado. Já o segundo artigo será publicado em uma edição futura da revista Physics Reports. Nele, os pesquisadores apresentam milhares de novos modelos computacionais que reproduzem a dinâmica da evolução dessa região tão afastada do Sistema Solar, além de novas estimativas atualizadas sobre as possíveis características desse mundo perdido.

À luz das mais recentes observações e dos dados mais atuais, a dupla de astrofísicos concluiu que o Planeta Nove deve ter cinco vezes a massa da Terra e orbitar o Sol a uma distância média de 400 unidades astronômicas, algo em torno de 60 bilhões de quilômetros. Netuno fica a 4,5 bilhões. Por maior e mais distante que o objeto possa parecer, ainda assim ele se mostrou ser menor e mais próximo ao Sol do que se pensava.

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Batygin classifica o provável mundo novo como o elo que faltava na formação planetária do Sistema Solar. “Com cinco massas terrestres, espera-se que o Planeta Nove seja muito parecido com a típica superterra extrassolar”, disse. “Na última década, levantamentos de planetas extrassolares revelaram que planetas de tamanhos parecidos são muito comuns ao redor de estrelas como o Sol. O Planeta Nove será a coisa mais próxima que vamos achar de uma janela para entender as propriedades de um planeta típico da nossa galáxia.”

Os pesquisadores levam em conta a possibilidade de que o astro não exista de fato, mas afirmam que, quanto mais examinam a dinâmica orbital do Sistema Solar, mais fortes se tornam as evidências que embasam sua existência. Agora só falta encontrá-lo.

No ritmo que andam as buscas e os avanços tecnológicos na instrumentação, é bem provável que, nos próximos anos, fiquemos sabendo se ele é real ou não. “A perspectiva de um dia ver imagens de verdade do Planeta Nove é absolutamente eletrizante”, diz Brown. “Apesar de que encontrá-lo astronomicamente seja um grande desafio, estou muito otimista que nós vamos fotografá-lo na próxima década.” Mal podemos esperar.

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