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Cientistas usam bactéria modificada para transformar lixo plástico em paracetamol

A conversão aconteceu em menos de 24 horas, com 92% de rendimento. Entenda os detalhes do processo químico.

Por Eduardo Lima
25 jun 2025, 14h00

Tá com dor? Você pode ir para a farmácia comprar um analgésico, ou fazer que nem esses cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que descobriram que bactérias geneticamente modificadas podem transformar lixo plástico em paracetamol.

Os químicos descobriram que a bactéria Escherichia coli pode ser usada para criar a molécula do acetaminofeno, outro nome para o fármaco, a partir de um material extraído de garrafas de polietileno tereftalato, o famoso plástico PET. O processo é descrito num artigo publicado no periódico Nature Chemistry.

Vamos entender mais sobre o paracetamol – e como essa pesquisa foi feita.

Remédio reciclado

O acetaminofeno é usado para tratar febre e dor leve ou moderada. Ele foi sintetizado pela primeira vez em 1873 pelo químico Harmon Northrop Morse (sem relação com Samuel Morse, que desenvolveu o código com o sobrenome deles), mas levou décadas para começar a ser usado como antipirético, nome técnico para remédio contra febre.

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Os efeitos terapêuticos do paracetamol só foram descobertos em 1948, e o remédio começou a ser comercializado em 1955 com o nome de “Tylenol”. Desde então, virou um dos analgésicos mais populares do mundo, com patente quebrada para ser vendido como genérico por preços baixos.

O experimento escocês começou misturando bactérias E.coli com plásticos PET descartados. A partir daí, o fosfato dentro dos microrganismos serviu de catalisador para um processo curioso chamado “rearranjo de Lossen”.

Trata-se de uma conversão química complexa que, até então, só havia sido observada em laboratório, nunca na natureza. Esse é um dos trunfos da pesquisa, já que os cientistas descobriram que ela era biocompatível – ou seja, poderia acontecer na presença de células vivas (as bactérias) sem causar dano a elas.

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O resultado do rearranio de Lossen feito pelas bactérias foi o ácido 4-aminobenzoico, conhecido como PABA. Ele é essencial para o crescimento das bactérias e geralmente é produzido dentro delas. A cepa de E. coli usada no estudo foi geneticamente modificada justamente para transformar o material PET nesse composto químico, em vez de buscar os caminhos convencionais de produção do PABA.

Além disso, a edição genética também adicionou um gene de cogumelos e outro de bactérias do solo. Foi isso que permitiu que as E.coli convertessem o PABA em paracetamol.

A conversão do material à base de plástico PET para paracetamol aconteceu em menos de 24 horas, com um rendimento de até 92% e baixas emissões de gases de efeito estufa. Não é como se o paracetamol saísse pronto para consumo: a molécula é produzida, sim, mas o remédio que consumimos geralmente é misturado com outros compostos ativos. Mais estudos serão necessários para usar esse remédio bioquímico reciclável comercialmente.

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