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Derretimento de gelo revela pinguins mumificados na Antártica

O cemitério de animais conta com restos de aves que viveram na região entre 800 e 5 mil anos atrás.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 1 out 2020, 15h47 - Publicado em 1 out 2020, 15h46

A Antártica tem sido bastante atingida pelo aquecimento global, com suas geleiras cada vez mais derretidas. Mas o fenômeno também tem proporcionado algumas descobertas: em 2016, Steven Emslie, um ornitologista da Universidade da Carolina do Norte, estava explorando uma região do continente quando encontrou um cemitério de pinguins com seus restos praticamente intactos. O que parecia ser uma colônia recém extinta era, na verdade, um conjunto de aves mumificadas pelo auxílio da neve que um dia dominou o local. O estudo sobre as carcaças foi publicado em setembro na revista científica Geology.

Emslie estava pesquisando colônias de pinguins que viviam próximas da base italiana na Antártica, chamada Estação Zucchelli. O cientista tinha ouvido dizer que, em um cabo rochoso ao longo da Costa Scott, havia guano – um amontoado de fezes de aves. Os exploradores polares Robert Falcon Scott e Ernest Henry Shackleton, responsáveis por expedições notáveis entre 1901 e 1921, haviam passado por aquelas bandas e nunca registraram a existência de pinguins por ali.

Emslie decidiu investigar. Quando chegou ao local, veio a surpresa: além do guano, havia também seixos – um fragmento de rocha utilizado por Pinguins-de-Adélia (Pygoscelis adeliae) para construir seus ninhos. Os restos de animais mumificados e duas carcaças “frescas” também estavam ali.

Derretimento de gelo revela pinguins mumificados na Antártida
Pinguim mumificado com penas e carne praticamente intactas. (Steven Emslie/Reprodução)

Mas se Scott e Shackleton passaram pela região há cerca de 100 anos e não descreveram nenhuma colônia, estes animais teriam chegado ali há pouco tempo, certo? Errado. Por meio da datação por carbono de amostras dos restos mortais, os pesquisadores descobriram que o que havia na área não eram apenas animais de uma colônia, mas de três distintas que viveram ali em diferentes períodos. Os primeiros habitantes chegaram entre 5.135 e 2.750 anos atrás; a segunda leva ocupou o local entre 2.340 e 1.275 anos atrás; os últimos, com os corpos mais conservados, viveram entre 1.100 e 800 anos atrás. Os exploradores Scott e Shackleton não viram nada porque os restos estavam cobertos pela neve. 

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Na hipótese de Emslie, a última colônia teria deixado o local devido ao resfriamento da região, que causou o congelamento do mar ao longo da costa. Com isso, os pinguins não conseguiam chegar facilmente às praias para buscar alimento, o que dificultava a manutenção da colônia. Agora, com a região livre de gelo, os cientistas acreditam que os Pinguins-de-Adélia possam voltar a habitar o lugar. A incidência de seixos na região também é um atrativo para os animais, já que eles não vão precisar se esforçar tanto buscando-os nas praias para montar seus ninhos. Atualmente, a migração forçada de pinguins tem sido comum devido ao derretimento do continente e aumento do nível do mar. 

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