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Descarte inadequado de EPIs preocupa defensores ambientais

A pandemia de covid-19 intensificou o uso de máscaras, luvas, sacolas e embalagens – e já dá para perceber os danos ao meio ambiente.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 27 jul 2020, 18h53 - Publicado em 27 jul 2020, 18h52

As máscaras entraram de vez no dia a dia da população mundial. Entrar sem a proteção em supermercados, por exemplo, pode atrair olhares de repulsa de outros compradores, como se a pessoa estivesse sem roupa. O cuidado é essencial para proteger outras pessoas de contraírem ou transmitirem o Sars-CoV-2, mas ele também pode representar danos ao meio ambiente. Isso porque muitos dos equipamentos de proteção individual (EPIs) não estão sendo descartados nos sacos de lixo, mas sim nas calçadas, parques e praias. 

Já não é novidade que o plástico prejudica o meio ambiente. Ele pode demorar centenas de anos para se decompor por completo no solo. E, quando chega ao oceano, acaba sendo confundido com alimento pelos animais marinhos. Além disso, as luvas e máscaras jogadas no mar, com o passar do tempo, se tornam microplásticos. 

Os microplásticos são pedacinhos de plástico de até cinco milímetros. Muitas vezes, quando estão no mar, eles absorvem produtos tóxicos, como pesticidas, que acabam entrando na cadeia alimentar. Os seres marinhos comem o material e depois nós comemos o peixe. Além disso, quando peixes menores comem os microplásticos, eles correm o risco de ter seus sistemas digestivos prejudicados, o que pode levar à morte. Sem peixinhos, não há comida para os maiores, iniciando uma grande onda de escassez. 

Para conscientizar a população, a Agência de Proteção Ambiental Americana lançou uma campanha informativa no YouTube explicando sobre o descarte correto dos EPIs. Outros órgãos locais dos EUA tomaram decisões ainda mais radicais, como o Condado de Suffolk, em Nova York e o de Swampscott, Massachusetts. O primeiro declarou que o descarte indevido desses materiais levaria à multa, enquanto o segundo passou a considerar a ação como crime. 

Gary Stokes, fundador da organização OceansAsia, recolheu cerca de 70 máscaras ao longo de 100 metros de praia nas Ilhas Soko, na costa de Hong Kong. A distância equivale a um quarteirão. O fenômeno ocorreu em fevereiro, quando a pandemia estava ainda no início. Stokes relatou os achados em um vídeo.

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O número acima é ainda pequeno comparado com a possível realidade. Um estudo realizado pela University College London, no Reino Unido, mostrou que, se o país inteiro usasse uma nova máscara descartável por dia, teríamos, ao final de um ano, cerca de 66 mil toneladas de resíduos plásticos descartados, além de 57 mil toneladas de embalagens.

Muito além dos EPIs

Apesar das luvas e máscaras descartáveis estarem em alta, elas não são os únicos plásticos que ameaçam o meio ambiente. Com a pandemia do novo coronavírus, o uso de sacolas, talheres, copos, embalagens e outros resíduos descartáveis aumentou exponencialmente. Afinal, fica aquela dúvida se o material reutilizável está “limpo” ou não – e as pessoas acabam optando pelos descartáveis. 

Essa volta dos plásticos representa um retrocesso global, já que diversos governos têm incentivado a diminuição de seu uso há anos. No estado de Nova Jersey (EUA), por exemplo, um projeto de lei adotado em março de 2020 proibia definitivamente o uso de sacolas de plástico e papel por toda a região. Devido à covid-19, o senado teve que voltar atrás com a decisão.

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Grandes fornecedores justificam que o uso de materiais reutilizáveis é mais higiênico, o que garante a proteção da saúde pública. Além disso, alegam que o descarte imediato de alguns materiais, como aquela caixinha lacrada que guarda seu pedido online, protege os consumidores da infecção. Não há provas quanto a isso, mas o consumidor preferiu não arriscar.

O plástico, muitas vezes descartado em aterros sanitários ou por meio de incineração, libera gases tóxicos que podem afetar a saúde humana e também o meio ambiente, já que são feitos de petróleo. Em outras palavras, seu uso desenfreado também é problema de saúde pública. A recomendação é que a população continue a usar máscaras reutilizáveis, sacolas, canecas e outros materiais, mantendo a integridade do meio ambiente. Se for usar a máscara descartável, é importante jogá-la no lixo comum, e não na rua ou no lixo reciclável. Se for usar a reutilizável, não esqueça de sempre lavá-la após o uso. Saiba aqui quais são os melhores materiais para fazer sua máscara reutilizável. 

Posso ser infectado pelas máscaras descartáveis?

Se você encontrar uma máscara jogada no meio da rua, saiba que o maior prejudicado é realmente o meio ambiente, já que as chances de se infectar dessa maneira são muito baixas. As máscaras não apresentam risco biológico como panos com sangue ou seringas descartadas como lixo hospitalar. 

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Em entrevista ao The New York Times, Linsey Marr, especialista na transmissão de vírus por aerossol, explicou que o Sars-CoV-2 não sobrevive por muito tempo nesse tipo de superfície. Um estudo recente mostrou que a meia-vida deste vírus é de aproximadamente sete horas em plástico sólido, mas como a máscara tem um material poroso, a pesquisadora explica que o tempo seria ainda menor.

Para se infectar dessa forma, seria necessário levar a proteção ao rosto minutos depois de seu descarte, como uma tentativa de transferir uma quantidade alta de vírus vivo para os olhos, nariz ou boca. Mas é claro, esfregar lixo do chão em seu rosto não é nem um pouco indicado, seja qual for o objeto encontrado.

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