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Estudo indica que mudanças climáticas podem afetar a genética de peixes

Essas alterações podem influenciar na capacidade dos peixes de se adaptarem às mudanças de temperatura da água.

Por Caio César Pereira
10 ago 2023, 15h42

As consequências das mudanças climáticas já são uma realidade, e como nada é tão ruim que não possa piorar, os efeitos negativos estão cada vez piores. Recordes de temperatura (tanto das mais frias quanto as mais quentes), perda da biodiversidade e tempestades cada vez mais frequentes são algumas das que vemos hoje.

No futuro, as consequências podem ser ainda piores, e um dos ecossistemas que mais sofrerão serão os ambientes marinhos. Para além do colapso de uma das correntes marítimas mais importantes do mundo, pesquisadores descobriram agora que o aquecimento dos oceanos e rios podem afetar também a genética de peixes.

Em uma pesquisa realizada na Universidade de Manchester, pesquisadores conseguiram demonstrar que a expressão de certos genes pode ser afetada por águas com temperaturas mais elevadas. Estudos anteriores já mostraram que peixes de água doce e salgada ficam estressados em águas mais quentes. Em temperaturas elevadas, o nível de cortisol nos peixes também muda, e ele é justamente o hormônio que regula o metabolismo e também o estresse.

Mas os efeitos não param por aí. A alteração na expressão genética nos peixes acontece ainda no seu desenvolvimento embrionário, mas o resultado só vai ocorrer lá na fase adulta. Isso porque ela pode afetar a forma como o peixe consegue se adaptar às mudanças de temperatura da água. 

Embora isso seja até comum, alguns peixes são mais sensíveis à mudança de temperatura do que outros. O Tetra Neon, aquele famoso peixinho brilhante de áquario, é conhecido por não curtir muitas mudanças na água.

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Os pesquisadores estudaram 4 espécies diferentes de peixes da Europa. Eles pegaram embriões de Pata-roxa, Peixe-zebra, Robalo-europeu e do Esgana-Gato, e os colocaram tanto em ambientes com condições de temperatura normais quanto em ambientes com temperaturas mais elevadas (simulando as possíveis temperaturas do futuro).

“Nossas descobertas sugerem que a exposição a temperaturas elevadas durante o desenvolvimento e crescimento de um embrião pode influenciar a capacidade do peixe de responder a desafios futuros que ele enfrenta na vida adulta”, disse Dan Ripley, um dos líderes do estudo.

Embora os pesquisadores ainda não tenham conseguido encontrar uma ligação direta entre mudanças biológicas e o aquecimento global, diferenças significativas foram encontradas na transcriptoma dos peixes quando adultos. A transcriptoma é o conjunto responsável pela expressão dos genes.

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Para Adam Stevens, outro pesquisador do estudo, essa alteração pode influenciar na capacidade do peixe de se adaptar a alterações de temperatura no futuro. “”Em nosso estudo, descobrimos que o aquecimento durante o desenvolvimento influenciou as relações entre os genes. A ‘instalação’ do sistema foi alterada, com consequências para o seu funcionamento na idade adulta.”

Embora ainda não tenhamos a confirmação nesse caso, é certo que as alterações climáticas têm um grande impacto na biodiversidade, principalmente a marinha. Pesquisas como essa são essenciais para que a gente passe a ter uma melhor noção dos impactos, e adotar medidas para mitigar os efeitos. Antes que a água comece a bater na nossa bunda.

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