Missão a Marte é suspensa pela Europa em protesto contra a Rússia
A ExoMars, que pretende buscar sinais de vida em Marte, tinha lançamento previsto para setembro. Agora, juntou-se a outras missões que estão pendentes. Confira.
A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciou nesta quinta-feira (17) a suspensão da missão ExoMars, que contava com a cooperação da Roscosmos, agência espacial russa, e enviaria a sonda Rosalind Franklin para Marte em setembro.
Em votação unânime, o Conselho da ESA decidiu cortar laços com a Roscosmos devido à invasão da Ucrânia. Em comunicado, a agência “reconheceu a atual impossibilidade de realizar a cooperação” e afirmou que está “totalmente alinhada” com as sanções impostas ao país por seus Estados-membros.
“Como organização intergovernamental encarregada de desenvolver e implementar programas espaciais em pleno respeito pelos valores europeus, lamentamos profundamente as baixas humanas e as trágicas consequências da agressão à Ucrânia.”
A ESA já tinha antecipado sua decisão em 28 de fevereiro, quando anunciou que o lançamento em setembro era “muito improvável”, por questões práticas e políticas. Agora, a suspensão da missão acontece em meio a outras tensões entre agências espaciais devido ao contexto da guerra.
Futuro da ExoMars
A missão ExoMars pretende verificar se já existiu vida no Planeta Vermelho. Para isso, a sonda deve extrair amostras do solo marciano a uma profundidade de dois metros. Segundo a ESA, a procura no subsolo é crucial. Lá, existem mais chances de se encontrar sinais de vida preservados do que na superfície marciana, devido à radiação solar e cósmica.
A colaboração da Roscosmos forneceria a plataforma de lançamento e o foguete Proton, necessários para enviar a sonda ao espaço. A própria sonda conta com instrumentos fornecidos pela Rússia.
Para substituir tudo isso, o Conselho da ESA autorizou o Diretor Geral da agência – o astrônomo e executivo austríaco Josef Aschbacher – a realizar um “estudo industrial acelerado” para encontrar as melhores alternativas para continuação da ExoMars.
Uma opção seria a cooperação entre a ESA e a Nasa. Esse, inclusive, era o plano original da agência europeia, antes da Nasa desistir do programa. Segundo Aschbacher, a agência americana expressou “forte vontade” de apoiar a missão.
Por enquanto, o futuro da missão está incerto. O lançamento da sonda não acontecerá antes de 2026, disse Aschbacher. “Mesmo isso é muito desafiador.”
Outras missões
Não é só a ExoMars que está pendente. Antes, em 26 de fevereiro, a Rússia decidiu interromper os lançamentos de seus foguetes Soyuz no Centro Espacial da Guiana Francesa, base de lançamento usada pela ESA, além de retirar seu pessoal de lá.
Isso aconteceu em resposta às sanções europeias que atingem, por exemplo, os setores financeiro, energético e de transporte da Rússia. Depois disso, cinco missões da ESA que seriam lançadas pela nave russa ficaram no limbo: dois lançamentos de satélites de navegação Galileo, o telescópio espacial Euclid, os satélites EarthCARE (dedicados a observações da Terra de cunho científico) e um satélite de reconhecimento francês.
Segundo comunicado, o Diretor Geral da ESA também está avaliando serviços alternativos de lançamentos para essas missões. Haja trabalho.