Objeto misterioso que entrou no Sistema Solar pode ter sido desvendado
O Oumuamua foi visto em 2017. Desde então, cientistas discutem se era um cometa, um asteroide ou até um objeto alienígena. Agora, um estudo propõe a resposta.
Há seis anos, astrônomos no Havaí avistaram um objeto rochoso de até 400 metros de comprimento, cujo formato lembrava um charuto. Nenhum objeto vindo de outra estrela tinha sido avistado, e o intruso acabou causando uma grande discussão entre os terráqueos sobre o que, exatamente, ele era.
Asteroide? Cometa? Houve até quem, como o astrofísico Avi Loeb, da Universidade Stanford, acreditasse se tratar de uma nave alienígena. É que o visitante apresentava comportamentos estranhos (você já vai descobrir quais). Mas, agora, uma dupla de cientistas pode ter resolvido o mistério do Oumuamua, como o objeto foi batizado (o nome, em havaiano, significa algo como “o primeiro mensageiro vindo de longe”.)
Oumuamua seria um cometa com uma composição incomum, segundo estudo publicado na revista científica Nature por Jennifer Bergner, uma química da Universidade da Califórnia, e Darryl Seligman, um astrônomo da Cornell University. A hipótese da dupla foi considerada a mais convincente até o momento.
O comportamento estranho
A rocha avermelhada foi vista pela primeira vez em 19 de outubro de 2017. Astrônomos no Havaí a detectaram enquanto ela passava pelo Sol, se deslocando a 87 quilômetros por segundo – velocidade alta demais para um objeto que tivesse origem no Sistema Solar (só a atração gravitacional do Sol não seria suficiente para acelerá-lo tanto).
Em seguida, os telescópios espaciais Hubble e Spitzer, da Nasa, enxergaram o formato do Oumuamua: ele teria entre 100 e 400 metros de comprimento, e seria 10 vezes mais longo do que largo. Essa proporção também é incomum: os objetos mais alongados de que temos notícia são, no máximo, três vezes mais longos do que largos.
Para piorar: conforme os cometas esquentam ao se aproximar do Sol, eles emitem jatos de vapor, dióxido de carbono e poeira, que formam caudas brilhantes. Os astrônomos não avistaram algo assim no Oumuamua. Ele também não se movia como um asteroide, porque estava acelerando ligeiramente conforme se afastava de nós (e viajava para mais longe no Sistema Solar).
A solução proposta
Bergner e Seligman sugerem que o estranho Oumuamua seria um cometa como outros, rico em água, que foi ejetado para longe de sua estrela e começou a viajar pelo espaço. A partir daí, raios cósmicos que preenchem o espaço podem ter transformado até 30% do gelo de água contido no Oumuamua em hidrogênio, que ficou preso no interior do objeto.
Conforme o Oumuamua se aproximava do Sol, ele teria começado a aquecer e liberar o hidrogênio preso. Esse material expelido seria suficiente para dar o impulso que os astrônomos identificaram. Mas não suficiente para formar uma cauda brilhante: o hidrogênio é mais leve do que o dióxido de carbono ejetado pelos cometas típicos, e por isso arrastaria menos poeira consigo.
Há pesquisadores convencidos e outros que ainda discordam da hipótese. De qualquer forma, nenhum telescópio pode estudar o Oumuamua, porque agora ele está além da órbita de Netuno, caindo fora do Sistema Solar.