Os eventos científicos para ficar de olho em 2023
Confira os avanços previstos para este ano, do desenvolvimento de vacinas à primeira instalação permanente para descarte de lixo nuclear.
Imunizantes à vista
Em 2022, as vacinas diminuíram consideravelmente os casos de covid-19 no Brasil e aliviaram a situação pandêmica. Em 2023, vários imunizantes estarão em desenvolvimento para combater outras doenças. A empresa alemã BioNTech, por exemplo, vai começar os primeiros testes em humanos para vacinas de mRNA contra malária, tuberculose e herpes genital. Já a americana Moderna deve testar vacinas de mRNA contra os vírus que causam a herpes-zóster e a herpes genital.
Mas o Sars-CoV-2 não ficou para trás, claro. Aqui no Brasil, pesquisadores da Universidade de São Paulo vão começar, após autorização da Anvisa, os testes clínicos de uma vacina em forma de spray nasal contra a covid-19. A expectativa é que ela funcione como uma barreira contra a entrada do vírus no organismo, impedindo a infecção e a transmissão.
Também em 2023, a Organização Mundial da Saúde deve publicar uma lista atualizada de patógenos (vírus e bactérias) que poderiam causar surtos de doenças. É um trabalho realizado por centenas de cientistas que vai definir prioridades de pesquisa e orientar o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes diagnósticos.
Viagens espaciais
Alguns foguetes de carga pesada farão seu primeiro voo em 2023, decolando a partir dos Estados Unidos. O maior deles é o Starship, veículo da SpaceX com 120 metros de altura, que estava previsto para decolar em setembro de 2022. O voo ficou para 2023, ainda sem data definida. Esta será a maior espaçonave capaz de transportar humanos e fará parte da missão Artemis 3, da Nasa, que deve levar astronautas à Lua em 2025.
Também neste ano, em abril, a agência espacial europeia (ESA, na sigla em inglês) deve lançar sua missão Juice (Jupiter Icy Moons Explorer). A espaçonave vai orbitar o gigante gasoso e estudar suas maiores luas: Europa, Ganymede e Callisto. Mas só deve chegar lá em 2031.
Por falar em lua, a Índia planeja lançar sua missão Chandrayaan-3 em junho de 2023, levando um módulo de pouso e um rover para explorar a superfície do nosso satélite. Em julho será a vez da Rússia, que deve lançar sua missão Luna 25 para coletar amostras do polo sul do satélite com uma sonda.
Enquanto isso, outras amostras estarão a caminho: um punhado de pedregulhos do asteroide Bennu deve chegar na Terra em setembro. Será o fim da missão OSIRIS-REx, da Nasa, que começou há seis anos. É também a primeira vez que a agência traz pedaços de um asteroide para a Terra.
De olho nas estrelas
Em 2022, vimos as primeiras imagens do telescópio espacial James Webb. Em 2023, outro telescópio deve ser inaugurado: o do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que aparece na imagem acima. Ele tem a maior câmera digital do mundo, com 3,2 gigapixels, e será capaz de registrar todo o céu visto a partir do hemisfério sul em apenas três noites.
Também em 2023, deve acontecer o lançamento do telescópio espacial Euclides, desenvolvido pela ESA, que vai registrar imagens do espaço enquanto orbita o Sol por seis anos. Já a JAXA, agência espacial japonesa, planeja lançar sua missão para detectar a radiação de estrelas distantes com um satélite na órbita terrestre.
Energia nuclear
“Onkalo” é a palavra em finlandês para uma pequena cavidade. É também o nome que foi escolhido para um depósito gigante e subterrâneo, a 400 metros de profundidade, em Eurajoki, uma cidade no sudoeste da Finlândia. Trata-se da primeira instalação permanente para armazenamento de lixo nuclear do mundo, que deve começar a operar neste ano.
O depósito está próximo à central nuclear de Olkiluoto, a mais nova das duas centrais que existem na Finlândia. Seus túneis de granito poderão guardar até 6,5 mil toneladas de urânio radioativo, armazenadas em latas de cobre que serão cobertas com argila. O material deve permanecer por lá, bem distante da superfície, por centenas de milhares de anos – até os níveis de radiação se tornarem inofensivos.
O governo finlandês aprovou a construção do depósito Onkalo em 2015, mas ele é resultado de um projeto de duas décadas. Tudo começou com uma seleção cuidadosa do local: os cientistas que trabalham com a empresa Posiva, responsável pela construção, avaliaram uma série de fatores ambientais e geológicos, como a estabilidade da rocha que existe no subsolo.