“Robôs fermentadores” podem acelerar a produção de cerveja
Os BioBots carregam a levedura para, em tese, aperfeiçoar a fermentação e a filtragem da bebida. Entenda os prós e contras da técnica.
Da produção dos ingredientes básicos até chegar na latinha que você abre no churrasco, a cerveja passa por várias etapas. E um grupo de cientistas quer acelerar esse processo com a ajuda de robôs fermentadores.
Os chamados BioBots são minúsculas conchas feitas de alginato (um material gelatinoso derivado de algas) envoltas em células de levedura (um tipo de fungo) e nanopartículas de óxido de ferro. E a ideia do estudo é empregá-los nos processos de fermentação e filtragem da bebida.
Antes, vale explicar como a cerveja é feita. Primeiro, é produzida a sua base, o malte. Cereais como a cevada e o trigo são umedecidos e germinados em um tanque. Depois, são torrados para que o amido presente no grão se transforme em açúcar.
O malte é moído e adicionado à água quente para preparar o mosto, uma espécie de chá grosso e doce. Após algumas horas, essa mistura recebe os demais ingredientes da cerveja, como o lúpulo (planta que confere aroma e sabor).
Aí entra o fermento. No decorrer de alguns dias, as leveduras comem o açúcar e defecam dois subprodutos: gás carbônico – e álcool. Depois da fermentação, o líquido descansa a 0 °C por umas três semanas. É nessa fase de maturação que sabor, corpo e aroma são definidos.
Encerrada essa fase a cerveja já pode ser consumida. Contudo, ela antes passa por um filtro, que vai retirar algumas das partículas sólidas. Em seguida, é envasada em garrafas, latas ou barris.
Robôs etílicos
A fermentação pode demorar de três a nove dias, dependendo do tipo de cerveja fabricada. E, nesse tempo, ela corre o risco de que o fermento acabe estragando a bebida caso não seja bem controlado – o que, claro, pode causar prejuízos ao fabricante.
Pensando nisso, um grupo de pesquisadores resolveu colocar a levedura nas mãos de ajudantes robóticos. Os chamados BioBots são minúsculas conchas feitas de alginato (um material gelatinoso derivado de algas) envoltas em células de levedura e nanopartículas de óxido de ferro.
Esse mecanismo, sugerem os pesquisadores, poderia impedir que fungos estragassem a mistura. Além disso, poderia torná-los mais quimicamente ativos, o que aceleraria o processo de fermentação (de três a nove dias para até 12 horas).
Os BioBots também dispensam o processo de filtração, uma vez que o fermento fica grudado neles. Daí, basta expô-los a um campo magnético para que os robozinhos sejam atraídos e retirados da mistura.
Faca de dois gumes
O uso dos robôs tem contras. Por mais que economize tempo com filtração e fermentação, garantir que eles estejam perfeitamente higienizados antes de usá-los novamente é um processo demorado. Sendo assim, os pesquisadores sugerem que eles sejam usados em cervejas especiais, produzidas em pequenos lotes, em vez de grandes complexos industriais.
Existe também a chance do gosto da cerveja ser levemente alterado – culpa do óxido de ferro. Além da possibilidade de trazer sabores metálicos à bebida, ele também pode acelerar o processo de envelhecimento da bebida. É algo a ser resolvido caso alguma cervejaria queira empregar os robozinhos algum dia.