Quanto custaram os filmes vencedores do Oscar dos últimos anos?
Segundo os diretores, os efeitos visuais de "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" foram feitos por uma equipe de cinco pessoas.
Oppenheimer foi o grande vencedor do Oscar 2024. Além da estatueta de Melhor Filme, o longa de Christopher Nolan levou outros seis prêmios, incluindo Melhor Ator e Melhor Diretor. Oppenheimer custou US$ 100 milhões para ser produzido. Mas ele é um ponto fora da curva.
Nos últimas duas décadas de premiação, apenas seis filmes tiveram um orçamento superior a US$ 20 milhões – e só três deles passaram dos US$ 40 milhões. É pouco comparado às megaproduções de Hollywood: O Irlandês, indicado ao Oscar em 2020, custou US$ 159 milhões; Top Gun: Maverick, que concorreu em 2023, teve um orçamento de US$ 170 milhões.
Já Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, vencedor de 2023, custou apenas US$ 14,3 milhões (de acordo com o The New York Times). Ele foi o primeiro filme da produtora A24 a alcançar mais de US$ 100 milhões em bilheteria.
O orçamento está na média dos outros vencedores do Oscar, e mesmo assim o número impressiona quem assistiu ao filme. O longa de duas horas e meia foge de takes clássicos e abusa dos efeitos visuais e especiais – que, apesar de complexos, foram feitos por uma equipe bem reduzida.
“Tivemos quase 500 tomadas de efeitos visuais, mas fizemos isso basicamente com cinco pessoas. Isso é meio sem precedente – quando você pega qualquer filme moderno e olha para os créditos de efeitos, a lista não termina”, disse Zak Stoltz, que trabalhou nessa área da produção, em entrevista à Wired.
Vale lembrar a diferença entre efeitos especiais e efeitos visuais. Os primeiros envolvem adereços e tudo aquilo que está presente no set de filmagem, como as mãos de salsicha que aparecem em um dos multiversos do filme. Já os efeitos visuais são criados após as filmagens, basicamente no computador.
“Esse é um filme independente. Foi um orçamento baixo considerando a ambição do roteiro”, disse o diretor Daniel Kwan. Apesar do valor apertado, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo desbancou Avatar: O Caminho da Água, que também concorria pelo prêmio principal. A sequência de James Cameron custou entre US$ 350 milhões e US$ 460 milhões, um dos filmes mais caros já produzidos.
O problema é que, com mais dinheiro, vem mais responsabilidade. Um longa de orçamento nas alturas (como Avatar, Os Vingadores e afins) precisa ir bem nas bilheterias para compensar o custo. E a melhor maneira de fazer isso é apostar em receitas manjadas, que fazem sucesso entre o público. Só que isso deixa menos espaço para tomar riscos e inovar no estilo – ideias que, bem colocadas em prática, tornam um filme digno de Oscar.
*Os valores foram reajustados pela inflação