O Art Loss Register, banco de dados internacional que acompanha os casos de obras de arte roubadas, registra atualmente mais de 300 mil obras furtadas no mundo – e este número cresce a um ritmo de 10 mil novos casos por ano. O mercado negro das artes pode ser muito lucrativo – apesar da dificuldade de revender icônicas obras sem atrair atenção, os valores milionários fazem que muitos ladrões tentem a sorte. Muitos homens e muitos segredos envolvem os golpes de mestre:
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1. O caso do ladrão que saiu do armário
Ano: 1911
Valor: US$ 720 milhões (com correção monetária)
Este sorrisinho maroto sempre fez sucesso entre os reis da França – já esteve até no quarto de Napoleão. Uma das mais icônicas pinturas do mundo, a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, foi concluída na Itália entre os anos de 1503 e 1506, mas não demorou muito a se tornar um tesouro da coroa francesa – a obra passou a integrar o acervo quando Francisco I governou o país, entre os anos de 1515 e 1547. Desde 1797, a pintura está em exposição no Museu do Louvre, em Paris, mas, no dia 20 de agosto em 1911, seu espaço de destaque amanheceu vazio. O crime, realizado na calada da noite, chocou a França e causou intrigas – o poeta Guillaume Apollinaire foi preso como suspeito; ele, por sua vez, acusou Pablo Picasso de roubar o quadro. Ambos foram descartados como suspeitos, mas o quadro permaneceu sumido por outros dois anos.
O mistério só foi resolvido em 1913, quando autoridades prenderam Vincenzo Perugia. O italiano, antigo funcionário do Louvre, tentava vender a icônica peça na Galeria Uffizi, em Florença, quando foi descoberto. Para levar para casa a peça de valor inestimável, Vincenzo não precisou de um plano muito engenhoso: ao final do turno, na noite anterior, o funcionário simplesmente se escondeu no armário de vassouras; ao amanhecer, saiu com o quadro escondido debaixo do casaco. A segurança, pelo visto, não era lá muito rigorosa no início do último século. O crime foi considerado um ato patriótico (Vincenzo, que cumpriu uma pena de poucos meses, tentava devolver o quadro ao seu país de origem), mas teria sido também bastante lucrativo – na década de 1962, o seguro da obra foi avaliado em 100 milhões de dólares, valor que hoje ultrapassaria a marca dos 700 milhões. Uau.
2. O caso do bigode engomado
Ano: 1990
Valor: US$ 500 milhões (com correção monetária)
Nada de passos elaborados de capoeira ou mini coopers turbinados. Um dos maiores roubos da história dos EUA foi bem sucedido graças a uma fantasia de policial e um bigodinho falso demais para ter colado. Em 15 de março de 1990, o Isabella Gardner Museum, em Boston, recebeu uma visita irregular. Dois policiais apareceram à porta do museu no meio da madrugada – estavam ali respondendo a um chamado, informaram. Sem suspeitarem de nada, os guardas do local permitiram a entrada dos “policiais”. Lá dentro, os dois impostores não demoraram muito até conseguirem render os guardas. E aí fizeram a festa. Tranquilões, os ladrões disfarçados passaram quase uma hora e meia checando o acervo e saíram de lá com 13 obras de arte, avaliadas, na época, em cerca de R$ 300 milhões.
Passados quase 30 anos desde o histórico roubo, as importantes obras de Rembrandt, Degas, Vermeer e Manet continuam desaparecidas. O FBI oferece recompensa de US$ 5 milhões para quem tiver informações sobre o paradeiro das obras. E a investigação continua: no ano passado, dois suspeitos foram apreendidos. Em 2013, as atenções se voltaram também para os guardas que permitiram o gigante rombo.
3. O caso dos dribles
Ano: 2000
Valor: US$ 30 milhões
Danny Ocean e seus 10 amigos certamente invejariam a engenhosidade do plano armado pelos responsáveis por este crime. Em 2000, três homens adentraram o Museu Nacional da Suécia, em Estocolmo, empunhando uma metralhadora – nada muito sutil, é verdade. Enquanto um deles guardava a entrada os outros dois ficaram encarregados de pegar um autorretrato de Rembrandt e dois quadros de Pierre-Auguste Renoir. Antes de a polícia chegar, os ladrões conseguiram fugir do museu beira-mar em uma lancha, levando as obras avaliadas em mais de US$ 30 milhões. Dá até para imaginar a trilha sonora.
Mas, o que torna o evento inusitado não é apenas a saída de mestre. Enquanto o trio estava no local, distrações coordenadas aconteciam em outros pontos da cidade: dois carros foram incendiados (para desviar a atenção das autoridades), e spikes foram colocados nas estradas ao redor do museu para furar os pneus das viaturas.
A sagacidade dos ladrões não durou tanto tempo – menos de duas semanas depois, oito homens envolvidos no crime foram presos. Até 2006, todos os quadros já haviam sido recuperados.
4. O caso do caminho subterrâneo
Ano: 2002
Valor: US$ 1 milhão
Tudo começou seis meses antes. Narciso Ramón Narvaes e Wilfrido Alvarez Cubas alugaram um imóvel a cerca de 25 metros do Museo Nacional de Bellas Artes de Asunción, no Paraguai. A localização poderia ser considerada privilegiada para os amantes das artes. Para a dupla, era mais do que isso. Era estratégica. O objetivo de Narciso e Wilfrido era entrar no museu sem serem vistos. E eles encontraram uma maneira engenhosa para fazer isso: por debaixo da terra.
Três metros abaixo do nível da rua, os dois ladrões cavaram um túnel ligando o imóvel alugado à galeria. No dia 29 de julho de 2002, colocaram o plano em ação: no chamado “roubo do século”, foram levados cinco quadros, entre eles obras de Esteban Murillo, Gustave Coubert e Adolpe Piot, avaliadas em mais de US$ 1 milhão. Em 2008, La Virgen y el Niño, quadro do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo foi recuperado na posse de Rubén Darío Gonzáles, boliviano que teria sido o mandante do roubo cinematográfico.
5. O caso de duas toneladas
Ano: 2005
Valor: US$ 3 milhões
Sem preocupações, ela se espreguiçava nos gramados. Com dimensões avantajadas (1,8 metros de altura e 3,6 metros de largura) e pesando mais de 2 toneladas, era natural supor que a imponente escultura do britânico Henry Moore estaria segura no jardim da fundação beneficente que leva o nome do artista, na Inglaterra.
Só que não foi bem assim. Desafiando as probabilidades com uma manobra cinematográfica, em dezembro de 2005, dois carros invadiram os gramados da instituição e, com ajuda de um guindaste, levaram embora a importante obra abstrata conhecida como Reclining Figure LH608. Caso esteja se perguntando como os ladrões conseguiram passear por aí com uma escultura do tamanho de um hipopótamo sem atrair atenção, saiba que esta história não tem um final feliz: em 2009 a polícia informou que a peça, com valor estimado em mais de US$ 3 milhões, foi perdida para sempre – por menos de 3 mil dólares, foi vendida como sucata.
6. O caso dos três minutos
Ano: 2007
Valor: R$ 180 milhões
No dia 20 de janeiro de 2007, duas das mais importantes obras dos Masp (Museu de Arte de São Paulo) foram roubadas – em apenas 3 minutos. Aproveitando o horário de troca de turno dos seguranças, os ladrões adentraram o museu no meio da madrugada. Entre 5h09 e 5h12, conseguiram levar as obras O Lavrador de Café, de Candido Portinari (1939) e Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso (1904). Por sorte, as obras foram localizadas intactas apenas 18 dias depois, em Ferraz de Vasconcelos, Região Metropolitana de São Paulo. Ufa.
7. O caso do exército de um homem só
Ano: 2010
Valor: US$ 100 milhões
Mais que um golpe de mestre, o roubo no Museu de Arte Moderna de Paris foi um golpe de sorte. Em maio de 2010, um único homem foi capaz de entrar e sair do museu com cinco valiosas obras sem disparar nenhum alarme. O ladrão cortou o cadeado do portão e quebrou uma janela para adentrar o local. As câmeras de segurança filmaram o ladrão saindo com quadros de Henri Matisse, Georges Braque, Amedeo Modigliani, Fernand Leger e Pablo Picasso, mas o sumiço das obras só foi percebido na manhã seguinte. Como isso foi possível? Foi revelado posteriormente, que, quando o roubo aconteceu, o alarme de 15 milhões de dólares do museu estava estragado – há 3 meses. Ops.
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