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Pesquisa traz revelações sobre como rejeitamos pensamentos indesejados

Pensou no ex quando ouviu aquela música? A forma com que dispensamos pensamentos influencia o quão recorrentes eles são.

Por Leo Caparroz
17 jul 2022, 00h18

Sabe aquele momento em que uma música toca no rádio ou uma foto aparece na galeria e você se lembra de algo ou alguém que preferia ter esquecido? Você chacoalha a cabeça e afasta essa lembrança, reagindo ao pensamento indesejado. Um novo estudo discute como recusamos esses pensamentos e aponta uma maneira melhor de impedir a recorrência deles.

Quando reprimimos um pensamento depois que ele chega à nossa consciência, trata-se de um “controle reativo de pensamento”. Segundo os pesquisadores, uma alternativa seria o “controle proativo”. Ele inclui esforços de antecipação e atenção direcionada. Por outro lado, o controle reativo é mais uma correção, agindo somente após o evento indesejado.

Os cientistas conduziram um experimento em que os participantes deveriam criar associações entre palavras. Os 80 voluntários visualizavam as palavras em uma tela e digitavam uma palavra associada. A uma parte, foi dito que não eram permitidas conexões repetidas, ou seja, quando uma palavra voltasse à tela, os participantes não poderiam digitar a mesma resposta da primeira vez; e um grupo de controle ficou sem restrições.

Por exemplo, se a palavra “céu” aparecesse na tela, um participante poderia responder com “azul”. Depois de outros testes, “céu” é mostrada novamente. Um caso de controle reativo seria se ele pensasse novamente em “azul”, rejeitasse esse pensamento e mudasse para “nuvem”. No controle proativo ele descartaria previamente a associação com “azul” e, quando visse a palavra novamente, já responderia com a nova palavra, “nuvem”.

O resultado dos testes permitiu aos pesquisadores atestarem que a maioria faz um controle reativo de seus pensamentos. Segundo os autores, esse tipo de controle pode ser particularmente problemático, uma vez que os pensamentos são autorreforçados. Ao pensar em algo, também aumenta a probabilidade de que esse pensamento volte. Em outras palavras, toda vez que temos de rejeitar algo de forma reativa, ele tem o potencial de se tornar mais presente. Como quando alguém diz “não olhe para baixo” ao atravessar um lugar alto.

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Os pesquisadores intitularam a pesquisa: “se você não deixar entrar, não precisa tirar”, em referência a controle proativo de pensamentos. Embora não seja possível evitar os pensamentos indesejados, eles afirmam ser possível prever o retorno deles, para tentar barrá-los ao máximo de vir à mente. Quando se sabe previamente no que se deve focar, também é possível proativamente bloquear certas associações de interferirem no que é relevante.

As pessoas têm razões diferentes para controlar seus pensamentos. Alguns podem ser desagradáveis, enquanto outros podem ser simplesmente distrativos ou improdutivos. “Embora as pessoas experimentem um pensamento indesejado antes de poder pará-lo, nossas descobertas sugerem que interromper um pensamento depois que ele aparece também impede que ele volte à mente imediatamente, permitindo que as pessoas substituam o pensamento rejeitado, em vez de permanecer em um loop sem fim”, escrevem no artigo. 

Segundo os cientistas, mais pesquisas são necessárias para averiguar como rejeitamos pensamentos mais pessoais; associações entre palavras são diferentes de memórias de infância, por exemplo. Por ora, o estudo deu um bom passo para entender os rumos de nossos próprios pensamentos.

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