Professor usa “Zelda: Tears of The Kingdom” para ensinar engenharia mecânica
Na Universidade de Maryland, nos EUA, há um curso onde os alunos competem em desafios de robótica dentro do game. Confira.
A franquia The Legend Of Zelda ganhou mais um título de sucesso em 2023. Tears Of The Kingdom, lançado em maio, recebeu diversos elogios – e até uma indicação ao prêmio de Jogo do Ano.
O novo Zelda trouxe diversas novas mecânicas – e uma em particular atiçou a engenhosidade dos jogadores. Trata-se da Ultrahand, que permite que o herói Link controle objetos à sua volta. Não só: Link pode juntá-los para criar engenhocas tão complexas quanto os recursos e a criatividade dos jogadores permitirem.
Esse novo poder funciona tão bem que Ryan Sochol, professor de engenharia mecânica na Universidade de Maryland, nos EUA, decidiu usar o jogo para introduzir conceitos de robótica e engenharia a alguns de seus alunos.
Tears Of The Kingdom tem diversos elementos de maquinário: rodas, volantes, ventiladores, molas, lança-chamas, foguetes, balões… Ao todo, são 27 itens. Além dessa variedade de aparelhos, a física do jogo recebeu elogios pela sua verossimilhança – fruto de mais de um ano de refinamento dos programadores da Nintendo.
“Enquanto jogava, mal pude acreditar no quanto usei meus conhecimentos de engenharia”, afirma Sochol no site da Universidade de Maryland. “Quanto mais experiência eu tinha com a interface de montagem do jogo, vários elementos de máquinas e a física sofisticada, mais sentia que ele oferecia meios únicos para ajudar os alunos a aprimorar suas habilidades em design de máquinas.”
O curso “The Legend of Zelda: A Link to Machine Design” (uma brincadeira com o terceiro título da franquia, A Link to The Past) começou alguns meses depois do lançamento de Tears Of The Kingdom, voltado para universitários no segundo ano de engenharia mecânica. Os alunos foram separados em grupos, e cada time recebeu um Nintendo Switch e uma cópia do jogo – que podia ser levado para casa durante o período das aulas.
Primeiro, os estudantes aprendiam o básico das máquinas e elementos de construção de Zelda para solucionarem os desafios dentro do jogo. Depois, tinham que investigar um dos dispositivos em específico e descobrir como ele se comportava em várias situações.
Por fim, a uma boa parte da nota final dependia de um desafio: montar o protótipo de um veículo anfíbio, que nadasse na água e andasse na terra, para uma corrida entre a turma. No fim, o grupo mais rápido levava a maior nota.
O objetivo do projeto era ajudar os alunos a desenvolver suas proficiências em design e engenharia de máquinas – mas isso não necessariamente os tornou melhores no jogo.
“As máquinas criadas para os projetos de design não são muito úteis se você quer completar o jogo, mas nos permite ensinar engenharia da maneira que idealmente deveria ser ensinada – como algo envolvente, desafiador, emocionante e divertido”, afirma Sochol.
A criação de máquinas parece ser um grande atrativo do jogo, não apenas para os acadêmicos. Com quase 180 mil membros, o fórum do Reddit “Hyrule Engineering Club” reúne vários exemplos de invenções complexas, como aviões bombardeiros, castelos que se mexem, jaulas de lasers e hoverboards.
Na Universidade de Maryland, a lista de espera para se matricular no curso era maior do que o dobro do limite de alunos. Um sucesso. Sochol planeja oferecer o curso de engenharia com Zelda todo semestre a partir de agora.