Múmias com “línguas” de ouro são encontradas em tumbas de 2,5 mil anos no Egito
Artefato permitiria que o falecido se comunicasse com o deus Osíris no submundo. Escavação no sítio arqueológico Oxyrhynchus também encontrou uma tumba nunca aberta anteriormente.
Em escavação no sítio arqueológico Oxyrhynchus, no Egito, arqueólogos espanhóis encontraram tumbas de 2,5 mil anos contendo restos mortais de duas pessoas com “línguas” de ouro. A descoberta, feita na província de Minya, foi anunciada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito no último domingo (5).
No lugar das línguas das múmias, estavam artefatos feitos de folhas de ouro no formato no órgão. Esses amuletos eram utilizados por embalsamadores no Antigo Egito porque permitiam, segundo as crenças locais, que o falecido falasse com Osíris, deus do submundo, após a morte.
Segundo Esther Pons Mellado, pesquisadora da Universidade de Barcelona e uma das diretoras da missão arqueológica, objetos assim só foram encontrados anteriormente em escavações em Alexandria, também no Egito. (Você pode ler sobre essa descoberta nesta matéria da Super.)
As descobertas também são raras por outro motivo: é comum que arqueólogos se deparem com tumbas que já foram abertas por saqueadores. Mas esse não era o caso da tumba encontrada agora.
Ela abrigava um sarcófago masculino com restos mortais mumificados, além de uma série de itens como vasos canópicos – usados para guardar órgãos retirados do morto durante o processo de mumificação –, um amuleto de escaravelho e 400 estatuetas de faiança (uma espécie de cerâmica) esmaltada.
As estatuetas em forma de sarcófago, chamadas shabti (ou ushabti, mostradas acima), são encontradas em muitos túmulos egípcios antigos. Elas representam servos, que substituiriam a pessoa falecida em seus trabalhos no mundo pós-morte.
A outra tumba encontrada nas escavações abrigava um sarcófago de mulher. Ao lado do corpo mumificado, também havia amuletos e uma figura do deus Hórus. Além da língua de ouro encontrada na boca da mulher, havia outra menor, que se acredita ter sido colocada em uma criança.
Os responsáveis pela missão arqueológica estão estudando as inscrições nas tumbas para tentar revelar a identidade das pessoas mumificadas.
As tumbas datam da 26ª dinastia egípcia (664-525 aC), período em que Oxyrhynchus era conhecida como Per-Medjed. Era uma importante cidade egípcia, que conectava rotas de caravanas a um porto no canal Bahr Yussef, permitindo a navegação de pessoas e mercadorias rumo ao norte, até o Mar Mediterrâneo.
A partir da conquista do Egito por Alexandre, o Grande (em 332 a.C.), a cidade atraiu muitos colonos gregos e recebeu o nome de Oxyrhynchus. A cidade provavelmente se tornou a segunda maior do Egito e manteve sua importância até a conquista árabe, em cerca de 640 d.C., quando começou a declinar.
As escavações em Oxyrhynchus são lideradas pela Universidade de Barcelona, em parceria com a Organização de Antiguidades Egípcias, e começaram em 1992.