Ossada de mamute com 10 mil anos é encontrada em lago na Sibéria
Os fósseis estavam praticamente intactos e foram encontrados por moradores locais da Península de Yamal, ao norte da Rússia. Veja vídeo.
Conforme a temperatura média global aumenta, regiões da Terra antes congeladas começam a esquentar mais do que deveriam e, consequentemente, derreter. É o caso do Círculo Polar Ártico, que em 2020 atingiu seu recorde histórico de temperatura, batendo os 38 ºC. Mudanças climáticas em regiões geladas costumam trazer perdas de biodiversidade e causar a extinção de espécies. Por outro lado, o derretimento do permafrost (solo congelado) vem trazendo à tona vestígios até então escondidos sob a camada de gelo – e possibilitado diversas descobertas no campo da arqueologia.
No final de julho, um grupo de pesquisadores russos retirou do lago Pechenelava-To, na Sibéria, restos bem conservados de um mamute lanoso – a mesma espécie de Manny, mamute da animação “A Era do Gelo” – que viveu na região há 10 mil anos. Cerca de 90% do corpo do animal foi recuperado, incluindo ossos, pele, tendões e até mesmo excrementos fossilizadas. Abaixo, você pode assistir a um vídeo que detalha a expedição:
WATCH: The bones of an adult woolly mammoth that roamed the earth at least 10,000 years ago have been discovered in the shallows of a north Siberian lake https://t.co/5APWNttOOx pic.twitter.com/dcEVx648fJ
— Reuters (@Reuters) August 3, 2020
Os pesquisadores passaram cinco dias vasculhando o lago. O grupo explicaou ao jornal local The Siberian Post que, de início, pensaram que seria um trabalho fácil, já que a parte traseira do mamute estava bem preservada, bem como as ligações do osso sacro (localizado na base da coluna vertebral) e as vértebras adjacentes. Além disso, as patas também estavam praticamente intactas, com tendões, tecidos moles e pedaços de pele – algo raro em achados do tipo.
Mas a alegria dos cientistas durou pouco. As partes frontais do mamute estavam mais espalhadas pelo espaço e não seguiam o padrão anatômico do corpo animal. Esse fato transformou a simples montagem do fóssil em um verdadeiro quebra-cabeça.
O mamute foi batizado Tadibe, em homenagem à família local da vila de Seyakha, na Península de Yamal, que encontrou as evidências e acionou os especialistas. Ao que tudo indica, o animal é um macho de três metros de altura que faleceu com idade entre 15 e 20 anos. A causa da morte segue desconhecida, já que não há sinais em seus ossos que justifiquem um ataque de predador. Pesquisadores supõem que o mamute tenha caído em uma vala e ficado preso no local.
As fezes fossilizadas do animal, também conhecidas como coprólitos, servirão como objeto de estudo para os cientistas. A partir da amostra, pesquisadores devem obter detalhes sobre a dieta do mamute – e outras pistas sobre o ambiente em que vivia.
Tadibe foi o primeiro mamute lanoso adulto encontrado na região. Antes dele, outros dois filhotes já haviam sido resgatados ali: Lyuba, uma fêmea que morreu há cerca de 41,8 mil anos e foi encontrada em 2007; e Masha, outra fêmea que morreu há 42 mil anos, e foi descoberta em 1988.