Pedras de Stonehenge foram reaproveitadas de monumento desmontado há 5 mil anos
As pedras menores no interior do círculo pertenciam originalmente a uma estrutura similar localizada no País de Gales – onde ficaram 400 anos antes de serem transportadas para a Inglaterra, por volta de 3000 a.C.
Nas últimas décadas, milhares de cientistas e historiadores se dedicaram a entender o significado e a origem do monumento de Stonehenge, localizado em Salisbury Plain, a 150 km de Londres. Acredita-se que a estrutura tenha sido usada em cultos e rituais dos povos da região há 4,5 mil anos, mas ainda não se sabe como ela foi construída. Os blocos menores pesam entre 2 e 5 toneladas, enquanto os maiores medem 7 metros de altura e chegam a pesar 20 toneladas.
Como se as pedras de Stonehenge já não fossem misteriosas o suficiente, os arqueólogos precisam entender onde elas estavam antes de se tornarem o monumento. Um novo estudo da University College of London mostra que as rochas menores, chamadas bluestones, são de segunda mão: elas já haviam sido usadas 400 anos antes, para formar um outro monumento chamado Waun Mawn, no País de Gales. A região fica a 250 km de distância da locação atual.
Existem dois tipos diferentes de pedras no monumento de Stonehenge. As maiores, que ficam que formam o círculo externo, são chamadas de sarsens. Essas provavelmente foram retiradas de West Wood, a 24 kmde Salisbury Plain (leia mais neste texto). O novo estudo trata das bluestones, que são as pedras menores que compõem o círculo interno do monumento.
Já se sabia que as bluestones não são da região. Estudos anteriores já haviam feito a datação delas usando carbono-14, e concluíram que elas foram extraídas por volta do ano 3.400 a.C. no País de Gales, a oeste da Inglaterra. No entanto, essas análises também mostraram que as pedras só foram parar em Salisbury Plain no milênio 3.000 a.C.
São pelo menos 400 anos de diferença, e parte do mistério de Stonehenge era descobrir onde estiveram as pedras durante tanto tempo. Um estudo de 2015 já levantava a hipótese de que elas teriam sido usadas para outro monumento no País de Gales, mas faltavam evidências concretas. Com isso em mente, os pesquisadores fizeram escavações na região em busca de algum indício de rituais realizados lá.
Quem procura, acha. Entre 2017 e 2018, a equipe escavou Waun Mawn e encontrou buracos que se encaixam com o tamanho das pedras de Stonehenge. Juntando as marcas de rochas que foram retiradas com as pedras que ainda estão ali, os pesquisadores observaram que elas formam um círculo de 110 metros de diâmetro no chão – muito parecido com o que era Stonehenge no passado.
Para completar, a entrada desse antigo círculo fica orientada para o nascer do Sol no solstício de verão, exatamente como acontece em Stonehenge. A equipe também datou os sedimentos de dentro dos buracos, e verificou que as pedras teriam sido posicionadas no local por volta de 3400 a.C., e então retiradas 400 anos depois. A narrativa bate com a linha do tempo de Stonehenge. “Eu pesquiso Stonehenge há 20 anos e essa foi a descoberta mais animadora que já fizemos”, disse o professor Mike Parker Pearson ao The Guardian.
O artigo indica que a remoção das pedras pode fazer parte de uma migração maior de Preseli Hills, região onde ficava o antigo monumento, para Salisbury Plain, onde está Stonehenge. Resquícios arqueológicos de humanos e outros animais também indicam uma conexão entre as duas regiões.
Ainda não se sabe por que essas pessoas teriam deixado a região – e, principalmente, como carregaram seus trambolhos imensos e pesados por mais de 200 quilômetros. A teoria mais aceita afirma que elas teriam sido transportadas por meio de trenós ou equipamentos semelhantes.