Por que os Estados Unidos querem montar uma base na Lua?
O presidente americano George W. Bush anunciou essa idéia em janeiro último. Na verdade, o principal interesse parece ser político: Bush tentará se reeleger em novembro e missões com astronautas costumam turbinar a popularidade de governantes americanos. Apesar desse grande porém, a proposta até que tem um fundo científico. O plano é fazer da Lua […]
O presidente americano George W. Bush anunciou essa idéia em janeiro último. Na verdade, o principal interesse parece ser político: Bush tentará se reeleger em novembro e missões com astronautas costumam turbinar a popularidade de governantes americanos. Apesar desse grande porém, a proposta até que tem um fundo científico. O plano é fazer da Lua um degrau para missões tripuladas a Marte. Uma base permanente seria instalada no satélite em 2020 e serviria para aprendermos a sobreviver e fazer pesquisas num ambiente tão hostil quanto o marciano, mas bem mais próximo de nós. Por exemplo: se ficar provado que há gelo na Lua e em Marte, seria mais prudente usar o satélite para desenvolvermos um método eficiente de explorar a substância. Por quê? Simples: a viagem à Lua demora só três dias, contra seis meses para chegar ao Planeta Vermelho. Imagine se um pesquisador em Marte precisasse pedir novos equipamentos à Terra para manter sua equipe viva usando a água marciana. Como os astronautas teriam que esperar pelo menos seis meses até que chegasse alguma coisa, não haveria o que fazer, a missão seria abortada e bilhões de dólares iriam parar no lixo. Já numa base lunar daria para testar quantos equipamentos fossem necessários. Ou quantos o orçamento permitisse, pois é na questão financeira que esse ousado projeto pode emperrar. Antes do plano lunar de Bush, a Nasa, a agência espacial americana, esperava somar mais 800 milhões de dólares aos 15 bilhões que recebe anualmente. Mas o presidente ianque anunciou um acréscimo de só 200 milhões anuais. O problema é que analistas estimam em 100 bilhões de dólares o retorno à Lua! Além disso, uma pesquisa feita após o anúncio do plano de Bush mostrou que 61% dos americanos são contra gastar mais dinheiro para voltar ao satélite. Se a opinião pública não mudar, a Lua pode continuar deserta por um bom tempo.
Mergulhe nessa
Na internet:
https://www.space-frontier.org/Projects/Moon/lunargallery.html
https://www.mines.edu/research/srr/criswell.pdf
https://science.nasa.gov/newhome/headlines/msad28apr98_1a.htm
Propostas para colonizar o satélite vão de hotel espacial a usina de energia solar
OUVIDO CÓSMICO
A colonização da Lua seria ótima para pesquisas astronômicas. Radiotelescópios, capazes de detectar qualquer forma de radiação no espaço, operariam livres dos ruídos da nossa atmosfera. Seria como um telescópio Hubble elevado à décima potência
AEROPORTO SIDERAL
Lançar um satélite a partir da Lua gasta só um vigésimo da energia necessária para lançar o mesmo equipamento aqui da Terra, onde a gravidade é seis vezes maior. Com uma boa estrutura de mineração e algumas fábricas instaladas na Lua ficaria mais barato fazer nossos satélites e naves espaciais por lá
MATÉRIA-PRIMA LOCAL
O único jeito de viabilizar os projetos lunares seria usar material de lá. As rochas do satélite têm, entre outras substâncias, 42% de oxigênio, 21% de silício e 26% de metais (ferro, alumínio, titânio). O silício, por exemplo, serviria para fazer painéis solares. Mas, para a mineração lunar vingar, faltam técnicas eficientes para separar tais elementos de impurezas
FÉRIAS FLUTUANTES
A Lua não vai ser só dos astronautas. Pelo menos é o que pensam os donos da rede Hilton, que sonham em montar um hotel ali. Uma área de lazer com quadras precisaria ser pressurizada para que os turistas não explodissem pela falta de pressão atmosférica. A vantagem é que abrigaria belas partidas de basquete. Um jogador de 100 quilos se sentiria pesando o equivalente a 16 quilos. Teria cada enterrada…
QUILOWATTS LUNARES
Montar na Lua uma usina colossal de energia. Essa é a proposta do físico americano David Criswell. Campos de painéis solares coletariam luz e a transformariam em raios de microondas. Estes seriam enviados à Terra por antenas e convertidos em energia elétrica. Para Criswell, isso poderia substituir as usinas da Terra até 2050 e as empresas envolvidas lucrariam 1,6 trilhão de dólares por ano!