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Após suspensão, países da Europa retomam uso da vacina da AstraZeneca

Complicações sanguíneas raras em 37 pacientes vacinados contra Covid-19 fizeram 13 países interromperem aplicação.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 20 mar 2021, 12h30 - Publicado em 19 mar 2021, 20h44

Desde a última semana, ao menos 13 países europeus anunciaram a suspensão do uso da vacina contra Covid-19 criada pela farmacêutica sueca AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Dinamarca, Noruega e Irlanda puxaram o bonde e, nos últimos dias, nações como Alemanha, Itália, França, Espanha e Holanda também optaram por pausar o uso de forma preventiva. Atualmente, a vacina é usada em 71 países pelo mundo, incluindo o Brasil.

O motivo por trás da suspensão está no temor de que pacientes vacinados apresentem sangramentos ou desenvolvam coágulos no sangue (trombose). A reação apareceu em um pequeno número de europeus (37), mas chamou a atenção dos órgãos de saúde locais. O efeito preocupa, sobretudo, em casos de trombose venosa cerebral, quando o fluxo de sangue no cérebro fica comprometido.

Um pronunciamento da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), órgão regulador da União Europeia, porém, destaca que a relação entre a vacina e os coágulos no sangue, apesar de não poder ser descartado, ainda não foi provado em definitivo – o que demanda novas análises. A organização sugere que a aplicação da vacina seja retomada no continente.

“O comitê chegou a uma conclusão científica clara: esta é uma vacina segura e eficaz. Seus benefícios em proteger as pessoas de mortes e hospitalizações causados pela Covid-19 superam os possíveis riscos ”, disse Emer Cooke, diretora executiva da EMA, em entrevista coletiva na quinta-feira (18). “A vacina não está associada a um aumento no risco geral de eventos tromboembólicos ou coágulos sanguíneos.”

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Anteriormente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) havia emitido uma declaração no mesmo tom, dizendo que “os benefícios da vacina da AstraZeneca superam seus riscos”. Cabe aos países, no entanto, a decisão individual de retomar o uso do imunizante.

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, anunciou que o produto da AstraZeneca/Oxford voltaria a ser usado no país a partir desta sexta-feira (19). A Alemanha também marcou o retorno para o mesmo dia, assim como a França. Já Espanha, Holanda e Portugal devem voltar a usar o imunizante em suas campanhas de vacinação a partir da semana que vem. A Suécia, porém, pediu mais alguns dias para decidir sobre a questão.

Em nota técnica, a AstraZeneca afirmou que apenas 37 pacientes entre mais de 17 milhões de pessoas vacinadas na Europa até a segunda semana de março tiveram problemas do tipo. “É um número muito menor do que seria esperado para ocorrer naturalmente em uma população geral desse tamanho, e semelhante ao de outras vacinas para Covid-19 liberadas para uso”. Estima-se que mais de 20 milhões de europeus já tenham sido vacinados com o imunizante.

No mês passado, a África do Sul também pausou o uso da vacina do laboratório sueco em sua população. O motivo, no entanto, foi diferente: o imunizante provou ser menos eficaz na contenção da variante de coronavírus B.1.351, que circula no país – um resultado que, para especialistas, ainda é inconclusivo.

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