Número de mortes cresce 31% no Brasil durante a pandemia e bate recorde
Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, quase 1,5 milhão de óbitos foram registrados no país – 355 mil a mais que a média histórica. No Amazonas, a média de mortes foi 86,8% maior em comparação a anos anteriores.
Entre março de 2020 e fevereiro de 2021, período de um ano marcado pela pandemia de Covid-19 no Brasil, quase 1,5 milhão de pessoas morreram. De acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), esse número é o maior já registrado desde o início da série história “Estatísticas do Registro Civil”, em 2003.
Para termos de comparação, as mortes aumentaram 31% em relação à média dos mesmos períodos desde 2003, o que representa 355.455 mortes a mais. Comparando com o período diretamente anterior (de março de 2019 a fevereiro de 2020), os falecimentos aumentaram 13,7%.
Os resultados foram calculados pela Arpen com base nos dados do Portal da Transparência do Registro Civil, que conta com os registros de nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos cartórios brasileiros. Então, eles foram cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, comandado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números são, pelo menos em parte, consequência direta da pandemia: até esta segunda-feira (15), o Brasil registrava oficialmente 278.229 óbitos causados pela Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Além disso, especialistas alertam desde o início da pandemia que a crise de saúde pública pode ter impactos indiretos na mortalidade do país, já que, com o colapso da rede hospitalar, falta de leitos e equipamentos, e menor procura por atendimento, outras doenças também podem levar a ainda mais mortes.
Os dados ainda revelam que fevereiro de 2021 foi o mês mais mortal já registrado na série histórica do Brasil, com um total de 119.335 óbitos notificados em cartórios – 33.5 mil óbitos a mais do que a média para o período. Na comparação com fevereiro de 2020, o crescimento foi de 28%. Os números revelam o avanço da pandemia na fase atual do Brasil, em que a maioria dos estados estão à beira do colapso hospitalar.
Diferenças regionais
Os estados da região Norte foram os que registraram o maior aumento em relação à média histórica dos anos anteriores; O Amazonas – primeiro estado a ter seu sistema de saúde colapsado e precisar de ajuda para adquirir oxigênio e transferir pacientes – registrou 86,8% mortes a mais que o usual. Logo depois vem Roraima (81,2%), Acre (51,8%) e Rondônia (44,6%). Já na região Sudeste, o Espirito Santo registrou o maior aumento de mortes, com 42,8% óbitos a mais que a média anual. Ele é seguido por Rio de Janeiro (39,9%), São Paulo (36,7%) e Minas Gerais (24,3%). No Sul, Santa Catarina lidera com aumento de 36,4%. No Nordeste, o Maranhão foi o estado que teve o maior aumento percentual, de 33,3%.
Em Santa Catarina, o aumento dos óbitos no mês de fevereiro foi de 36,9%; atualmente, o país está com centenas de pessoas na fila de espera por um leito de UTI após a disparada de casos. Os números de óbitos registrados em 2021 ainda podem aumentar, já que eles podem demorar até 15 dias para serem computados no Portal da Transparência. Em alguns estados, esse prazo é ainda maior devido a emergência imposta pela pandemia.