O ovo made in China
Elas já falsificaram quase tudo, de eletrônicos a remédios. Mas agora as fábricas chinesas piratas apresentam sua nova invenção: o ovo que não é ovo
Você está andando na rua, passa por um vendedor e vê a oferta: ovos pela metade do preço. Compra uma dúzia, leva para casa e põe na geladeira. A surpresa vem na hora do preparo. Não são ovos de verdade. São ovos falsificados: uma mistura de gelatina, resina, parafina, gesso, corantes e outras substâncias, que engana o olhar, mas não o paladar. Ao colocar o ovo na panela, surge um odor de produto químico sugerindo que aquilo não é comestível. Se mesmo assim alguém comer o ovo, corre risco de saúde – pois ele contém um ingrediente perigoso, óxido de alumínio. “Ele pode causar retardamento mental”, afirmou a nutricionista Vivian Ragasso à SUPER em 2013. A Universidade do Sul da China também estudou os ovos falsos e constatou que seu consumo pode gerar danos neurológicos.
A venda de ovos químicos é um golpe típico do sul da China – tão lucrativa que existem até DVDs piratas ensinando a fazer o produto. Só na primeira metade de 2012, foram registrados 15 mil casos de violação das leis de segurança alimentar no país, que vive uma epidemia de comida falsa ou adulterada. Tudo porque, na China, o trabalho humano é incrivelmente barato – mais barato até que o das galinhas.
A trapaça alimentar vai além dos ovos químicos. Entre 2008 e 2010, uma fórmula de leite em pó adulterada com melamina (uma espécie de plástico) matou pelo menos seis bebês na China e deixou centenas hospitalizados. Também houve um caso em que melancias começaram a explodir. Motivo: para produzir – e ganhar – mais, agricultores chineses estavam usando florclorfenurão, um produto químico que acelera o crescimento do vegetal.
Nota (28 de julho de 2018): este texto é de 2013. Uma discussão atualizada sobre o assunto dos ovos – que inclui a notícia falsa circulada recentemente no Brasil – está disponível aqui.