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Vacina é capaz de prolongar a vida de pacientes com câncer no cérebro

A palavra é imunoterapia. A DCVax faz com que o sistema imunológico do corpo seja programado para rastrear e atacar o tumor.

Por Alexandre Carvalho
17 nov 2022, 18h02

Transformar mais alguns meses de vida pela frente numa expectativa de anos. É a melhor notícia que alguns pacientes desenganados pela medicina poderiam ouvir. E estão ouvindo agora.

A primeira vacina do mundo para tratar tumores cerebrais extremamente agressivos pode proporcionar anos de vida extra em comparação com a perspectiva normal para esses casos. Foi o que concluiu um ensaio clínico global que envolveu 331 pessoas. No geral, 232 participantes receberam a vacina, e 99, um placebo. Todos passaram por cirurgia seguida de radioterapia e quimioterapia para remover o máximo possível do tumor, que é o tratamento padrão para o glioblastoma – câncer dos mais fatais, que atinge o sistema nervoso central e se desenvolve na medula espinhal ou no cérebro com crescimento invasivo.

Chamada de DCVax, a vacina foi capaz de beneficiar indivíduos diagnosticados com glioblastoma. O mais comum é que as pessoas com a doença vivam em média apenas 12 a 18 meses após o diagnóstico. Mas os estudiosos identificaram resultados impressionantes e cheios de esperança. Um dos pacientes que se submeteram ao estudo viveu por mais de oito anos após ser vacinado. Outro, na Grã-Bretanha, ainda está vivo após sete anos do diagnóstico que costumava ser uma sentença de morte.

“A vacina demonstrou prolongar a vida e, curiosamente, em pacientes tradicionalmente considerados de pior prognóstico”, disse o professor Keyoumars Ashkan, neurocirurgião do hospital King’s College, em Londres, que liderou o estudo. Ele se referia a idosos e pessoas para as quais a cirurgia não era uma opção.

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No geral, 13% das pessoas que receberam a vacina viveram pelo menos cinco anos após o diagnóstico, enquanto, entre as não vacinadas, apenas 5,7% chegaram a essa extensão de vida pós-diagnóstico.

Imunoterapia

A DCVax faz com que o sistema imunológico do corpo seja programado para rastrear e atacar o tumor. É o primeiro método desenvolvido com essa estratégia.

“A vacina fornece uma solução personalizada, trabalhando com o sistema imunológico do paciente”, disse Ashkan. “Ela é produzida combinando proteínas do tumor com os glóbulos brancos do indivíduo. Isso educa as células brancas a reconhecer o tumor.”

A Northwest Biotherapeutics, empresa norte-americana que fabricou a vacina, planeja buscar aprovação regulatória o mais rápido possível para que esse tratamento esteja disponível.

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Segundo a instituição de caridade Brain Tumor Research, a DCVax representa a primeira terapia emergente comprovadamente eficaz no tratamento de glioblastoma desde a quimioterapia com temozolomida em 2005.

Uma nova esperança, enfim.

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