As maiores cidades do mundo em 2100 serão africanas
Lagos já é uma das maiores metrópoles do mundo. Mas no fim do século as dimensões serão outras: a cidade terá 88 milhões de habitantes.
Infelizmente para quem adora listas definitivas, que poderiam ser plastificadas e guardadas com carinho, não é fácil definir quais são as maiores cidades do mundo. Isso porque o conceito varia de país para país. Se no Brasil definimos a população de um município basicamente pela soma de quem mora na zona urbana com quem vive na rural, em outros países isso varia. Tóquio é normalmente apontada como a maior do mundo, com cerca de 35 milhões de almas, mas nessa conta entra toda a região metropolitana da capital japonesa (o que inclui a segunda maior cidade do país, Yokohama), além de vilarejos e comunidades no entorno. A população que de fato habita Tóquio gira em torno de 9 milhões.
Outro exemplo de confusão. Se umas listas já indicaram Chongqing como a maior do planeta, com 30 milhões de pessoas, outras não a consideram nem a maior da China (posto que cabe a Xangai). Para se chegar aos 30 milhões enunciados, essas quantificações levam em conta uma definição que está mais para o que conhecemos como província do que município.
A população divulgada de uma cidade pode se referir à definição legal dos limites geográficos, à área urbanizada ou ainda à área de influência, o que inclui os municípios menores da conurbação. Por isso, em um estudo americano de 2009, três especialistas analisaram essas diferentes contagens. Eles concluíram que existem 30 cidades na lista das 20 maiores do mundo.
O FUTURO É A ÁFRICA
Se é muito difícil definir se São Paulo é maior ou menor que Tóquio (se eles têm Yokohama, nós temos Guarulhos), as estimativas apontam que, até o final do século, essas megalópoles serão ultrapassadas. Atualmente, quase todos os continentes têm, hoje, pelo menos uma megalópole entre as 20 maiores do mundo. A exceção é a Oceania (Sydney, a maior da região, tem “meros” 4,3 milhões de habitantes). A maioria dessas cidades está concentrada na Ásia, onde, evidentemente, ficam os países mais populosos do mundo. Mas há representantes nas Américas do Sul e do Norte, na África e na Europa. Isso mudará drasticamente nas próximas décadas. As megacidades se concentrarão na África Subsaariana e na Ásia Central.
De acordo com o The Global Cities Institute, já em 2025 a Europa não terá nenhuma metrópole entre as maiores. Em 2059, a explosão populacional indiana estará representada por Mumbai, a nova maior do mundo, e mais um punhado de outras cidades do subcontinente. Em 2075, as megacidades africanas tirarão São Paulo do TOP 20. Em 2100, 12 das 20 maiores metrópoles serão africanas: Lagos (Nigéria), Kinshasa (República Democrática do Congo), Dar es Salaam (Tanzânia), Cartum (Sudão), Lilongüe e Bantyre (Malauí), Lusaka (Zâmbia), Campala (Uganda), Adis-Abeba (Etiópia), Mogadíscio (Somália), Niamei (Níger) e Cairo (Egito). As oito restantes deverão ser Mumbai, Délhi e Calcutá (Índia), Daca (Bangladesh), Karachi e Lahore (Paquistão), Kabul (Afeganistão) e Manila (Filipinas).
O pódio será 100% africano, se as estimativas se mostrarem corretas. Dar es Salaam, hoje a maior cidade da Tanzânia, deverá saltar de 4,4 milhões de pessoas em 2010 para 73,7 milhões em 2100. Kinshasa, capital da RDC, sairá de 9,1 milhões para 83,5 milhões na virada do século. Por fim, a imensa Lagos, que hoje tem cerca de 10 milhões de habitantes, poderá atingir absurdos 88,3 milhões. Assista à animação do Visual Capitalist:
Dá para imaginar cidades desse tamanho? Quais serão os problemas urbanísticos e ambientais envolvidos?