China e Rússia anunciam plano conjunto para construção de estação espacial lunar
O laboratório idealizado pelas nações seria instalado na própria superfície do satélite ou em sua órbita.
Nesta terça-feira (9), a Administração Espacial Nacional da China (CNSA) e a Corporação Estatal de Atividades Espaciais Roscosmos anunciaram o plano de trabalharem juntas no desenvolvimento de uma instalação de pesquisa na Lua. De acordo com as agências, a nova estação espacial poderá ser construída na superfície da Lua, em sua órbita ou, talvez, em ambos os lugares.
A China afirmou que o projeto estará aberto para todos os países interessados e outros parceiros internacionais, focando na utilização ampla do espaço. No entanto, não foram divulgadas datas nem valores investidos para o desenvolvimento da estação espacial lunar.
Para a Rússia, os planos representam uma tentativa de voltar a ter protagonismo no espaço. Em abril de 1961, a União Soviética enviou o cosmonauta Iuri Gagarin para orbitar a Terra a bordo da espaçonave Vostok-1. Os Estados Unidos ficaram para trás nessa corrida, enviando ao espaço o astronauta Alan Shepard com um mês de desvantagem. Dois anos depois, a Rússia se destacaria novamente, enviando a primeira mulher ao espaço, Valentina Tereshkova.
No dia 1º de outubro de 2021, a Roscosmos, em parceria com a Agência Espacial Europeia, lançará seu primeiro módulo lunar desde 1976, o Luna-25. A sonda, que deve pousar no polo sul da Lua, terá como objetivo recolher amostras do solo para estudar sua composição, estrutura e propriedades físico-mecânicas. Dmitry Rogozin, chefe da Roscosmos, convidou através de seu Twitter o chefe da CNSA, Zhang Kejian, para assistir ao lançamento da missão.
Enquanto a Rússia se prepara para voltar aos negócios, a China e os Estados Unidos seguem avançando na exploração espacial. Em dezembro de 2020, a sonda chinesa Chang’e-5 retornou da Lua com dois quilos de rochas e sedimentos retirados do satélite. A última vez que alguma agência espacial alcançou tal feito foi em 1976, durante a missão Luna 24 da União Soviética, que recolheu cerca de 170 gramas de material.
A Lua não é o limite para a China. Em fevereiro de 2021, a sonda chinesa Tianwen-1 adentrou a órbita de Marte, com pouso previsto para o mês de maio. O objetivo é coletar amostras do solo numa região denominada Utopia Planitia, que parece ter abrigado um lago ou oceano nos primórdios do planeta.
Os Estados Unidos também têm planos com a Lua. O programa Ártemis da Nasa pretende levar a primeira mulher e o próximo homem ao satélite em 2024. Outros sete países estão colaborando com a missão, mas nem a China e nem a Rússia entram nessa conta.
A exploração espacial russa foi prejudicada até pela iniciativa privada americana. Até 2020, a Roscosmos mantinha o monopólio dos voos tripulados para a Estação Espacial Internacional (ISS), já que a Nasa não desenvolve mais naves próprias desde 2011. Isso mudou com a chegada da SpaceX, empresa de Elon Musk, que agora realiza o serviço de “táxi espacial”.