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Existem sete plantas e um fungo proibidos no Brasil. Saiba quais são.

O plantio de cannabis para uso pessoal e médico pode ser descriminalizado em breve, mas segue ilegal. Conheça outras plantas que você não pode cultivar

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 18 dez 2023, 15h41 - Publicado em 12 dez 2023, 15h55

A Portaria n.º 344 da Anvisa contém uma lista de plantas que podem originar substâncias entorpecentes – e por isso, tem seu cultivo controlado. Segundo o documento, “ficam proibidas a importação, exportação, comércio, manipulação e uso das plantas enumeradas”

A portaria foi publicada em 1998, e atualizada posteriormente. Ela permite, por exemplo, a importação de produtos derivados de cannabis para tratamento de saúde. Mas o cultivo da planta segue proibido.

A lista contém mais seis espécies de plantas e um fungo proibidos por aqui. Conheça eles a seguir, e veja quais substâncias podem ser encontradas em cada um.

1. Maconha (Cannabis sativa)

Maconha (Cannabis sativa)
(Foto: Chmee2/Wikimedia Commons)

A planta mais conhecida da lista, e também a mais combatida no Brasil. É a substância ilícita mais consumida no país e no mundo.

Plantar cannabis, mesmo em baixas quantidades, é proibido no Brasil. O Projeto de Lei 399/15, ainda em tramitação na Câmara dos Deputados, prevê a autorização de cultivo para fins medicinais, veterinários, industriais e científicos.

Paralelamente, o STF vota a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas, de 2006, que considera crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para uso pessoal. Se o julgamento for concluído e publicado no Diário Oficial, o cultivo de poucas mudas de cannabis pode ser descriminalizado. A quantidade de maconha diferenciaria o usuário do traficante.

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2. Trombeteira (Datura suaveolens)

Trombeteira (Datura suaveolens)
(Foto: 阿橋 HQ/Wikimedia Commons)

Essa planta é mais conhecida como trombeteira ou saia-branca. Trata-se de um arbusto que lembra o copo-de-leite, mas suas flores são voltadas para baixo. Ela cresce naturalmente na beira de rios pela América do Sul, mas seu cultivo e circulação são controlados pela Anvisa. 

A trombeteira é rica em compostos alcalóides, como atropina e escopolamina, responsáveis pela alta toxicidade e caráter delirante da planta. Todas as partes são tóxicas, mas a maior concentração de alcalóides está nas sementes.

Quando ingerida, planta causa náusea, vômitos, taquicardia, insuficiência renal e alucinações, podendo ser fatal. Apesar disso, a D. suaveolens é consumida recreativamente na forma do “chá de trombeta”.

3. Coca (​​Erythroxylum coca)

Coca (​​Erythroxylum coca)
(Foto: Danna Guevara/Wikimedia Commons)
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A coca é nativa do Peru e Bolívia, onde seu cultivo é permitido. Essa planta foi descoberta pela população Inca, a que utilizava como analgésico. Hoje, é comum mascar folhas ou tomar chá de coca em regiões muito altas, pois ela ajuda com o mal estar causado pela altitude.

Ela é restrita no Brasil, obviamente, por ser a matéria-prima da cocaína – que por sua vez dá origem ao crack. A coca tem baixas quantidades de benzoilmetilecgonina, um alcalóide estimulante do sistema nervoso central. Suas folhas são tratadas para gerar uma substância concentrada, a pasta de coca, que depois se torna a cocaína. Ela é extremamente viciante, sendo a segunda droga ilícita mais consumida no mundo, depois da cannabis.

4. Papoula (Papaver somniferum L.)

Papoula (Papaver somniferum L.)
(Foto: tanja van den berg-niggendijker/Wikimedia Commons)

Essa planta tem flores chamativas, geralmente de cor vermelha ou rosa. No centro delas há uma bolinha de onde é extraído ópio, o látex da papoula. Essa substância contém opioides naturais, como morfina e codeína. Essas moléculas, por sua vez, dão origem aos opioides sintéticos e semissintéticos, como heroína, oxicodona e fentanil.

Algumas dessas drogas são usadas tanto no contexto médico, para alívio da dor, quanto de forma recreativa. O abuso de opioides pode levar à overdose, sendo hoje a principal causa de morte acidental nos Estados Unidos.

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Apesar do cultivo ser proibido no Brasil, as sementes estéreis podem ser importadas para uso culinário, pois não contém ópio. Elas não têm potencial germinativo: se tentar plantá-las, não nasce nada.

5. Peiote (Lophophora williamsii)

Peiote (Lophophora williamsii)
(Foto: Dav Hir/Wikimedia Commons)

O peiote é um pequeno cacto nativo do México. A planta tem flores rosas ou brancas, e não apresenta espinhos. É conhecido por conter mescalina, uma substância psicodélica. O peiote é utilizado por povos nativos do México de forma ritualística e medicinal, promovendo uma experiência introspectiva e alucinógena.

Diferente das drogas estimulantes e depressoras mencionadas anteriormente, a mescalina não promove dependência química. Essa substância tem sido estudada para o tratamento de depressão e ansiedade, embora ainda existam poucas pesquisas robustas sobre o tema.

A mescalina e o cultivo de peiote são proibidos no Brasil. Nos Estados Unidos também, mas há exceções para uso ritualístico em religiões nativo americanas.

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6. Prestonia amazonica

Prestonia amazonica
(Foto: João Medeiros/Wikimedia Commons)

Essa espécie é endêmica do Brasil, presente nos estados do Amazonas e Pará. Contém a molécula dimetiltriptamina, mais conhecida como DMT. Trata-se de um psicodélico usado por religiões tradicionais da amazônia.

A P. amazonica consta na portaria do Ministério da Saúde, mas não é a única planta com DMT. O chá de ayahuasca, que é o alucinógeno central do Santo Daime e União do Vegetal, é feito com cipó-mariri (Banisteriopsis caapi) e chacrona (Psychotria viridis), que contém DMT. Outros gêneros de plantas amazônicas também possuem a molécula alucinógena, mas não são controlados – principalmente devido ao seu uso religioso.

7. Sálvia (Salvia divinorum)

Sálvia (Salvia divinorum)
(Foto: David J. Stang/Wikimedia Commons)

Não é o tempero que você encontra no supermercado. Existem várias espécies do gênero Salvia, mas só uma tem caráter alucinógeno. A Salvia divinorum é usada ritualísticamente por indígenas do México há séculos.

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A planta contém salvinorina, uma molécula alucinógena. No entanto, ela é diferente dos psicodélicos tradicionais, que atuam nos receptores de serotonina. A sálvia é descrita como dissociativa, atuando nos receptores kappa opioides do cérebro.

Seu uso não era regulamentado no Brasil até 2012, quando a comercialização e plantio da S. divinorum foi proibido.

8. Cravagem do centeio (Claviceps paspali)

Cravagem do centeio (Claviceps paspali)
(Foto: Dan Johnson/Wikimedia Commons)

O Claviceps, ou esporão, consta na lista de plantas proibidas do Ministério da Saúde, mas na verdade é um fungo. Como o nome diz, ele cresce e infecta plantações de centeio. O psicodélico mais famoso de todos, o LSD, é feito a partir dos compostos desse fungo.

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) foi sintetizada pela primeira vez nos anos 1940. O químico Albert Hofmann investigava o Claviceps, procurando por propriedades medicinais. Acabou chegado a uma molécula orgânica similar aos compostos isolados do esporão, bastante potente e de caráter psicoativo.

Assim como a mescalina, o LSD tem sido estudado para o tratamento de transtornos psiquiátricos. Você pode ler mais sobre o tema nesta matéria.

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Sob efeito de plantas

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