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Criar o hábito de fazer exercícios pode demorar até 7 meses, aponta estudo

Pesquisa analisou dados de mais de 30 mil pessoas, que se exercitaram ao longo de quatro anos. Confira.

Por Leo Caparroz
19 abr 2023, 20h58

Nos anos 1960, o cirurgião plástico Maxwell Maltz observou que os seus pacientes levavam, em média, 21 dias para se adaptarem às mudanças feitas em seus rostos. A experiência isolada evoluiu para a “teoria dos 21 dias”, que defende que esse é o tempo padrão para que algo se transforme em um hábito.

Seria ótimo – é uma quantidade de dias desafiadora, porém alcançável. Mas é pura balela, repetida à exaustão nas décadas seguintes como uma espécie de “fórmula do sucesso”. É o que mostra uma pesquisa feita por cientistas de três universidades americanas, que defende que os nossos comportamentos são muito mais complexos do que isso.

No estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas analisaram dois hábitos: fazer exercícios e lavar as mãos. Para isso, usaram dados de dois grupos diferentes. O primeiro tinha 30 mil frequentadores de academia, que se exercitaram cerca de 12 milhões de vezes durante quatro anos. No segundo, havia 3 mil funcionários de hospitais, que lavaram as mãos 40 milhões de vezes em quase 100 turnos.

Essas informações foram parar em uma ferramenta à base de machine learning (“aprendizado de máquina”: submeter um software a uma quantidade absurda de dados para que ele passe a identificar padrões). O objetivo era identificar em que momento os comportamentos dos participantes viraram hábitos de fato (ou seja, tornaram-se previsíveis para o algoritmo)

Os dois grupos demoraram tempos diferentes para incorporar seus hábitos, contrariando a ideia de que pode haver um “número mágico” em comum. Os pesquisadores descobriram que, normalmente, manter uma rotina de exercícios leva entre quatro e sete meses; por outro lado, foi uma questão de semanas até que os profissionais de saúde começassem a lavar as mãos rotineiramente no hospital.

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Os pesquisadores analisaram se havia alguma relação entre os hábitos com a hora e o dia em que as atividades eram feitas. Eles identificaram que 69% dos que faziam exercícios desenvolveram o costume de ir sempre nos mesmos dias, com segunda e terça sendo os mais populares. E que, quanto mais tempo tivesse passado desde a última ida à academia, menores as chances de o indivíduo desenvolver uma rotina.

Mas é claro: o estudo ressalta que, para criar um novo hábito, vários fatores individuais precisam ser levados em conta, como o seu comportamento, o tempo e esforço demandados – e o gatilho que desencadeia tudo isso. Ou seja: é algo bem complexo que um número mágico de dias.

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